A amiga fiel

 




Por Célio Barcellos

Há pessoas tão diferenciadas neste planeta que chamamos de lar, que ao passarem por nossas vidas deixam impressões extraordinárias a ponto delas serem parte de nós. 

A simbiose criada nesses relacionamentos fraternos e de profundo respeito é tão intensa que torna-se impossível se distanciar dos laços de amizade mesmo estando longe. 

No sábado à noite enquanto eu me preparava para a última noite de evangelismo, eis que recebo uma mensagem de Carapina, na Grande Vitória-ES. 

Carminha e sua escudeira Rodinea

Era um texto da Rodineia me avisando acerca do falecimento de Carminha, ou Carmelita como eu a tratava carinhosamente. 

Carminha era uma mãe para mim! Era o tipo de pessoa diferenciada que cria a simbiose relatada inicialmente. 

A minha filha a chamava de "vovó Carminha", tamanha era a intimidade que tínhamos em seu lar. 

Por ocasião de uma semana de programação na igreja em que precisei me ausentar em função do Mestrado e da Conferência Geral nos EUA, lá estava Carminha e o seu esposo Valdir realizando o trajeto de 12 km entre Vitória e Carapina na Serra, para que a Salomé, o Kairos e a Krícis estivessem presentes.

Eu nunca me esquecerei de pessoas bondosas que marcaram a minha vida e a vida da minha família. 


Foram muitos momentos alegres e também difíceis ao lado da Carminha. Os alegres tem que ver com a espontaneidade, vitalidade, paixão pela missão e a sua riqueza de hospitalidade. 

Fizemos da casa da Carminha o local de reuniões para o protótipo de líderes de Pequenos Grupos. E como foi um sucesso! 

A partir da sua casa, formamos líderes que criaram Pequenos Grupos saudáveis com o propósito de Comunhão, Relacionamento e Missão. 


Os Pequenos Grupos se reuniam de forma vibrante; eram uniformizados; possuíam gritos de guerra; saíam para passear de Trem, iam nos boliches; nos parques; no Morro da Fonte Grande; na Enseada do Suá; realizavam piquenique e muitas outras atividades. 

Sem contar os festivais em que reuníamos os Pequenos Grupos na Igreja Central para celebração e batismos. Carminha e o Valdir estavam presentes em tudo isso. 


A presença da Caminha era marcante até mesmo nos momentos em que o Valdir se preocupava com as finanças da igreja em função da construção da parte superior do prédio. 

Foram noites de insônia por causa da obra e eu percebia no casal, um cuidado paternal para com a minha pessoa. 

Os dois respeitavam o ministério de uma maneira singular. Me tratavam com um respeito que jamais me esquecerei. 

A Carminha e o Valdir sempre se posicionaram do lado do pastor. Nunca se meteram em confusão, pois a postura de ambos era a do serviço e o compromisso com o Reino de Deus. 

Quando ela soube que eu era de Itaúnas, abriu o seu coração ao falar que viajava com o Valdir para longe a fim de dançar forró. E Itaúnas era um dos destinos. 

Nós ríamos... eu dizia: "de forrozeira para o evangelho" rssss. 

Ela contava a sua vida, especialmente da felicidade em ter encontrado o Valdir. Um homem quieto, educado, fiel e respeitoso. Ela tinha no Valdir um porto seguro. O Valdir foi o homem que a fez esquecer o inferno do seu primeiro matrimônio. 

No entanto, a vida não é somente momentos alegres, mas também, momentos difíceis. E o momento mais difícil para a Carminha, foi por ocasião da morte repentina do Valdir (clique aqui). 

A partir do momento da morte do seu amado esposo, ela não foi mais a mesma. Foi um baque! O luto foi profundo! 

Aquela mulher forte, independente, passou a depender da filha. 

Nas várias visitas realizadas, notei uma mulher diferente. Não que ela tenha perdido a fé. Mas, é como se a vida não tivesse mais importância sem a presença do esposo. 

Jamais queira zombar de alguém em luto ou que esteja passando por um vazio profundo. Não fazemos ideia do que a tristeza é capaz de fazer com o ser humano. Numa situação dessa, esteja presente e fale o mínimo possível. Demonstre que se importa com gestos práticos. 

A Carminha ficará para sempre em minha memória. O último evento que ela e a Rodinea promoveram para a minha família, foi por ocasião de nossa despedida de Carapina. 


Era o meu aniversário e de forma surpreendente num momento de descontração numa lanchonete em Camburi, eis que surge um bolo e os parabéns no meio da note com uma suave brisa vinda do mar. 

Agradeço a Deus por ter colocado alguém tão especial em meu caminho. Dentro de nossas imperfeições e até mesmo das angústias ministeriais, pessoas à semelhança da Carminha são como anjos que Deus insere em nossas vidas para nos auxiliar e ajudar no crescimento. 


O que resta neste momento é a saudade e a esperança do reencontro. Eu amo o cristianismo por proporcionar a esperança da ressurreição. 

Este é um até breve, pois logo Cristo voltará e a Carminha, o Valdir e tantos outros serão ressuscitados para a vida plena e para sempre (1Tessalonicenses 4:13-16). 

Que Deus abençoe os familiares e amigos da saudosa Carmelita. 

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