Lô - O garoto do Clube da Esquina

 

Por Célio Barcellos

Confesso que me assustei quando na quinta-feira (6) ao navegar pelo Youtube me deparei com a triste notícia da morte do cantor, compositor e figura carimbada da Música Popular Brasileira (MPB) - Lô Borges, que faleceu no domingo (2), vítima de intoxicação por medicamentos. 

Borges era natural de Santa Tereza, bairro de Belo Horizonte, local onde ele, Milton Nascimento e os seus irmãos - Marilton e Márcio fundaram na esquina das ruas Divinópolis e Paraisópolis no final dos anos 1960, um movimento musical que ficou denominado Clube da Esquina. 

Não participo mais de noitadas em bares e muito menos nos “bailes da vida”, pois desde os 18 anos, quando fui encontrado pelo evangelho, decidi seguir outro rumo.  

Contudo, respeito as pessoas, pois nas idas e vindas dessa estrada chamada vida, nos deparamos com muita gente que pensa diferente de nós, mas que num simples bate-papo, torna-se possível construir amizades saudáveis.  

No que se refere ao Lô Borges, ao Clube da Esquina e a moçada da música mineira que nunca vi pessoalmente, mas que carrego memórias afetivas de quando comecei a tocar violão por volta dos 13 anos de idade, eles fizeram parte de um momento de descoberta musical. 

A partir deles conheci Elomar, Xangai, Geraldo Azevedo, Vital Farias, todos cancioneiros que revelavam o sertão através de suas cantorias. 

Um destaque à parte, pois muito antes de conhecer Lô Borges e companhia Ltda, a música "Bem-ti-vi" de Fernado Terra, já mexia com o meu imaginário infantil, uma vez que na minha mais tenra infância lembro-me dessa canção sendo tocada no rádio e em sonorização de rua. 

Porém, foi por influência do meu colega de infância em nossa querida Itaúnas/Conceição da Barra-ES - (Odair José - in memoriam) que tive contato com a discografia do Clube da Esquina, do 14 Bis, do Boca Livre e tantos outros artistas que faziam um tipo de música inteligente e que provocava reflexões. 

Quem possui o ouvido afinado para as melodias de um Lô Borges, Tavito, Toninho Horta, Paulinho Pedra Azul, Flávio Venturini e tanta gente fera nessa estrada, é praticamente impossível ouvir músicas apelativas que provocam uma certa degeneração mental.

Normalmente gosto de escrever sobre acontecimentos e percepções acerca da vida. Mesmo não tendo a música secular como prioritária, pois compreendo que o louvor me insere para uma transcendência que me conecta ao Reino do Eterno, ainda assim, não sou fechado a ponto de não querer apreciar a boa arte. 

Até porque, é preciso agradecer a Deus pelos sentidos da existência humana e um deles - o ouvir, nos permite captar conhecimentos e descartar aquilo que não nos convém. 

Se porventura, você e sua família estiverem numa pizzaria e o ambiente tem música, você não pedirá para o proprietário parar de tocar, simplesmente porque você não ouve música secular. Pelo contrário, você aproveita o ambiente da melhor maneira possível. 

Em minha casa, procuro orientar os meus filhos sobre a boa arte e a música está contida nisso. 

Por consequência, se eles tiverem que escolher um ambiente que tenha músicas do Clube da Esquina tocando ou um pancadão de funk, certamente, eles optarão pelo primeiro ambiente. 

Uma vez que o gosto musical deles caminha mais pelo clássico e o erudito. 

Assim sendo, no que se refere a boa arte, Lô Borges, através de suas letras e musicas cantadas dedilhou o seu violão com simplicidade e projetou ainda mais a sua terra para o mundo. 

Como bem parafraseou um fã durante o seu velório: "Lô Borges é igual Minas Gerais, quem te conhece não esquece jamais". 

E, se eu tivesse que escolher um estado diferente do meu querido Espírito Santo para nascer, Minas seria um excelente candidato, pois os mineiros fazem uns "trem" bom demais. 

Meus sentimentos à família Borges neste momento de luto! 

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