Como a Matriz da missão molda a cultura junto a grupos núcleo?
Por Alex Palmeira
Plantar uma igreja é muito mais que estabelecer um prédio ou organizar serviços de adoração; isso envolve criar uma comunidade que representa o reino de Deus.
Tal qual uma igreja que incorpore os princípios Adventistas e foque em plantar outras igrejas com o mesmo DNA missionário. Conquistar isso requer promover uma cultura missionária enraizada na prática eclesiástica orientada.
Ed Stetzer enfatiza: “Estudos mostram que quanto maiores os embasamentos do ensino e formação, mais pessoas permanecem engajadas na igreja. Aqueles que buscam Cristianismo hoje querem profundidade.
Eles não irão sacrificar seu sono da manhã de Sábado para ir à uma igreja que serve à superficialidade, pelo menos não por por muito tempo” (Stetzer, 2015, p.43).
Este artigo explora os desafios e oportunidades de incorporar uma cultura orientada à missão, utilizando a matriz de missão para alinhar Cristologia, Missiologia, e Eclesiologia em uma abordagem equilibrada.
1 - Entendendo a Matriz da Missão
A matriz da missão se refere à uma estrutura conceitual que integra Cristologia (a pessoa e trabalho de Cristo), Missiologia (a missão de Deus), e Eclesiologia (a natureza e a função da igreja).
Estes três elementos formam o fundamento da identidade das atividades da igreja. Frost e Hirsch afirmam: “Nosso entendimento de Jesus determina nossa missão, o que por sua vez molda a forma e a função da igreja” (Frost & Hirsch, 2003, p. 16).
Essa estrutura interconectada assegura que a igreja permaneça centrada na vida e missão de Cristo, evitando os extremos da acomodação cultural ou isolação.
● Cristologia: Jesus como fundamento
A missão da igreja deve começar com um profundo entendimento de quem Jesus é e o que Ele realizou. Isto inclui Sua encarnação, ministério, sacrifício, e o contínuo/presente/recorrente processo de intercessão. Jesus não é unicamente O Salvador mas também o modelo de missão e discipulado (Mateus 20:28; John 20:21; White, 2006, p.25).
● Missiologia: A Missão de Deus
A missão da igreja flui da missão de Deus (Missio Dei) para reconciliar a humanidade para Ele mesmo (2 Coríntios 5:18-20). A igreja existe não com o fim mas como um meio para participar deste plano redentor (Knight, 2010, p. 132).
● Eclesiologia: A Igreja como uma Comunidade Missional
A igreja não é meramente uma reunião de fiéis mas uma comunidade enviada - um corpo de discípulos chamado a realizar mais discípulos (Mateus 28:19-20). Isso muda o foco de manter tradições para engajar ativamente na missão de Deus.
2 - As Armadilhas de “Fazer Igreja”
Igrejas que focam em “Fazer Igreja” muitas vezes priorizam programas, prédios, e eventos em vez da missão e discipulado. Enquanto esses esforços podem atrair participantes, eles frequentemente resultam em membros consumistas - indivíduos que esperam ser servidos ao invés de servir. Os sintomas desta abordagem inclui:
1 - Sobrecarga: Líderes são sobrecarregados com numerosos programas mantidos para participantes massivos.
2 - Prioridades Distorcidas: O foco muda da missão para a manutenção interna, levando à uma perda de visão.
3 - Centralização: A autoridade se torna concentrada em uns poucos líderes, sufocando a participação leiga.
4 - Desânimo: Líderes sentem-se sobrecarregados e desvalorizados, muitas vezes resultando em burnout.
5 - Desilusão: Líderes desanimados e membros desligados completamente das atividades da igreja (Hirsch, 2015, p. 51).
Esse modelo orientado para o consumidor é antitético à igreja que Cristo imaginou, que foi projetada para ser um movimento de discípulos ativos.
3 - A Cultura de “Estar na Igreja”
Em contraste, uma igreja que foca em “ser a igreja” abraça sua identidade como um movimento centralizado em Cristo e Sua missão. Essa cultura é caracterizada por:
● Participação na Missão de Deus: Membros ativos engajados em fazer discípulos e servirem suas comunidades.
* Um compromisso para Multiplicação: A igreja prioriza o desenvolvimento de discípulos, líderes e novas igrejas.
* Formação Espiritual: Os membros são treinados em disciplinas espirituais e equipados para o ministério.
* Comunidade Engajada: A igreja se vê como parte da cidade, trabalhando por sua transformação (Jeremias 29:7, White, 2006, p. 139).
4 - Treinando o Grupo Núcleo com a Matriz da Missão
Para integrar a matriz da missão no grupo principal, o treinamento deve focar em três áreas:
Ensino Centrado em Cristo
Explorando a pessoa e o trabalho de Cristo (João 1:1-14; Hebreus 1:1-3).
Entendendo a salvação através da graça e a centralidade da cruz (Efésios 2:8, 9).
Vivência Missionária
Ensinar os membros a viver como embaixadores de Cristo (2 Coríntios 5:20).
Equipar o grupo para engajar com suas comunidades encarnacionalmente, seguindo o exemplo de Jesus (John 1:14).
Formação Comunitária
Estabelecer a igreja como uma comunidade de aliança comprometida com o cuidado mútuo e a responsabilidade (Atos 2:42-47).
Encorajar a prática dos dons espirituais para a edificação do corpo (1 Coríntios 12:4-11).
5 - Passos Práticos para implementar a Matriz da Missão
Sessões do Grupo Principal
Tópicos para abordar durante sessões de treinamento incluem:
1. A natureza do reino de Deus e as suas implicações para a igreja.
2. O sacerdócio de todos os crentes e a ativação dos dons espirituais (1 Pedro 2:9).
3. Engajamento Missionário-encarnacional com a comunidade.
4. Desenvolvendo uma cultura de discipulado e reprodução.
5. Preparando a experiência de adorador como uma resposta à missão, e não o contrário.
Exercícios Práticos
● Atividades Missionárias: Encorajar os membros a identificar e servir às necessidades de suas comunidades locais.
* Práticas de Discipulado: Treinar membros para mentoriar outros, promovendo o crescimento espiritual.
* Avaliação e Reflexão: Avalie regularmente o progresso do grupo na incorporação da matriz de missão.
6 - Evitando Armadilhas Comuns
Igrejas que negligenciam a matriz da missão arriscam se tornarem desequilibradas. Muitas enfatizam evangelismo em detrimento do discipulado, enquanto outras podem focar em si mesmas, negligenciando seu chamado para engajar o mundo.
Keller avisa: “As igrejas devem evitar serem excessivamente atrativas ou excessivamente missionárias. O equilíbrio está entre mentiras em serem centradas no evangelho, na comunidade e na missão” (Keller, 2014, p. 86).
Conclusão
A Matriz da Missão provisiona uma estrutura robusta para plantar igrejas que são biblicamente fiéis e culturalmente relevantes.
Ao treinar o grupo principal para incorporar esta estrutura, a igreja se torna vibrante, uma comunidade centrada em Cristo equipada para participar na missão de Deus.
Tal igreja não meramente faz igreja; essa verdadeiramente é a igreja - uma representação viva do reino de Deus na terra.
Referências
1. Frost, M., & Hirsch, A. The Shaping of Things to Come: Innovation and Mission for the 21st-Century Church. Peabody: Hendrickson, 2003.
2. Hirsch, A. Forgotten Ways: Reactivating Apostolic Movements. Grand Rapids: Baker Books, 2015.
3. Keller, T. Center Church: Doing Balanced, Gospel-Centered Ministry in Your City. Grand Rapids: Zondervan, 2014.
4. Stetzer, E. Planting Missional Churches. Nashville: B&H Publishing, 2015.
5. White, E. G. Evangelism. Mountain View, CA: Pacific Press Publishing Association, 2006.
6. White, E. G. Testimonies for the Church, Vol. 9. Mountain View, CA: Pacific Press Publishing Association, 2006.
7. White, E. G. The Acts of the Apostles. Mountain View, CA: Pacific Press Publishing Association, 1911.
Esse artigo é uma tradução do original em inglês "How Does The Mission Matrix Shape Culture Within Core Groups?" de autoria de Alex Palmeira. O autor é brasileiro e reside nos Estados Unidos onde atua como Vice Presidente da Associação do Sul da Nova Inglaterra da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Massachusetts, USA.
Tradução e design: Kairos Alef Barcellos
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