Entrevista - Um brasileiro em Cabo Verde
Em meio as suas atividades de missão na África, o pastor Robson Meira separou um tempo para esta entrevista ao Tempo de Oportunidade.
Robson Nascimento Meira, graduado em Teologia pelo UNASP, pós-graduando em Comunicação Social e Missiologia, atuou como pastor na Comunidade Judaica Adventista de Campinas/SP; pastor da Equipe de Evangelismo e pastor distrital em Águas de Lindóia no território da APaC. Atualmente é missionário em Cabo Verde na União Missão Oeste do Sahel. É casado com Talita Telles Meira e tem duas filhas: Rebeica Meira (16) e Luiza Meira (12).
Qual foi a sua reação quando recebeu a notícia para ser missionário na África e como a família assimilou a ideia?
> Sempre tive o sonho de viver a experiencia de ser missionário em outro país, e minha esposa e filhas já conheciam este meu desejo. Quando recebi a notícia para trabalhar em Cabo Verde fiquei profundamente emocionado em como Deus esteve guiando os nossos passos até esse momento. Senti a mão de Deus confirmando o chamado como sendo diretamente Dele. Mas, eu sabia que para ser real, esse sonho não poderia ser somente meu, tinha que ser da minha esposa e filhas, também. E, de certa forma, não era o desejo da minha esposa. O incrível desse chamado foi que, no dia anterior ao convite, Deus impressionou o coração da minha esposa para a necessidade de sermos missionários. Deus já estava preparando o coração dela e de nossas filhas para esse chamado e isso nos deu convicção que esse chamado veio do Senhor!
Como foi a chegada em solo africano e que impressões do país e das pessoas o Sr pode compartilhar conosco?
> Quando estávamos chegando às ilhas de Cabo Verde, inicialmente ficamos ansiosos pela ideia de vivermos em uma ilha, sentimento gerado pelo desconhecido. Mas, ao pousarmos na ilha de Santiago, cidade da Praia, capital de Cabo Verde, tivemos uma primeira impressão bem interessante. Cabo Verde é uma região seca, pois raramente chove aqui, mas com belezas de tirar o folego! Para onde você olha, enxergamos grandes rochas e, no horizonte, o imenso mar de Cabo Verde. Mas a principal marca deste país, são os próprios cabo-verdianos, um povo alegre, gentil, hospitaleiro, pessoas extremamente atenciosas e trabalhadoras.
O que passa em sua mente quando se lembra da estrutura de São Paulo onde trabalhava com essa nova realidade?
> Brasil é um país privilegiado, com abundância de água, comida e oportunidades. E quando falamos de Igreja Adventista do Sétimo Dia, não tem comparação! Trabalhando em São Paulo, tudo o que precisávamos para trabalhar com nossas igrejas, tínhamos à disposição. A Associação Paulista Central nos proporcionava muitos treinamentos, encontros, programas com boas estruturas e convidados para a edificação dos membros e salvação de pessoas para Cristo. O que há de melhor na Igreja Adventista, nós temos no Brasil.
Foi aqui em Cabo Verde que comecei a entender melhor o que Jesus disse “A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos”. Além de termos poucos pastores trabalhando aqui, não temos a mesma facilidade que existe no Brasil. Há falta de recursos financeiros e humanos, mas surpreende como a igreja aqui é guerreira e missionária!
Dentro da perspectiva adventista em pregar para cada “tribo, língua e povo” como mencionado em Ap. 14:6,7, que filme passa em sua mente ao se lembrar dos seus primeiros passos no entendimento profético e como você se sente em contribuir com um povo totalmente distinto de sua realidade brasileira?
> O desejo de servir como missionário surgiu quando, ainda como juvenil, minha mãe levou para casa um livro que contava a história de uma família de missionários. Aquelas histórias mexeram comigo, a ponto de um dia querer trabalhar como médico-missionário. Mas o Senhor tinha outros planos e, ao invés de trabalhar como médico, Ele me conduziu para ser um pastor. Já nos primeiros anos da faculdade de Teologia, algumas coisas me chamavam a atenção. Todos os anos, muitos pastores se formavam e, devido à quantidade de formandos, muitos ficavam sem chamado. No Brasil tem muito trabalho a ser feito, mas é notório que existia muito pastores no país em comparação a outros países. Por isso, eu percebi a necessidade de me preparar para um dia, quando tivesse a oportunidade, de servir à igreja e ao Senhor em terras que houvesse mais necessidades e expandir o Reino de Deus em outras terras, “tribo, língua e povo”. Já estando aqui, quero colocar em prática tudo o que aprendi servindo no Brasil, não para transformar Cabo Verde em um pequeno Brasil, mas para fazer a igreja crescer e o Reino se expandir aqui neste local!
Fale um pouco da igreja em Cabo Verde e quais os seus planos para sua região de atuação?
> As igrejas de Cabo Verde são muito parecidas com as igrejas brasileiras, pois todos os materiais e programas utilizados aqui, vem do Brasil. Apesar de se falar português, a língua que é falada no dia a dia aqui é o crioulo. Um outro ponto de destaque das igrejas aqui é, por ter falta de pastores, os irmãos desenvolvem um belíssimo trabalho sem precisar depender do pastor local. As igrejas são muito animadas, com expressões vibrantes no momento dos louvores e nas pregações.
A demanda de trabalho é muito grande aqui, e a falta de pastores dificulta ainda mais. Tanto é que, todos os administradores e departamentais tem atuado em suas atividades de escritórios, além de atuarem como pastores de distrito.
Atualmente sou pastor de um grande distrito da capital, com 11 igrejas, e estarei servindo na área de evangelismo também.
O que a igreja brasileira pode aprender com os irmãos de Cabo Verde e quais contribuições podemos dar?
> O que mais me impressionou aqui, foi ver como os nossos irmãos trabalham para a igreja. São fervorosos e missionários. Quando fazemos um convite para o trabalho missionário, uma grande parcela dos membros aceita o apelo, enquanto no Brasil, a parcela que aceita o chamado é consideravelmente menor. Essa é uma importante lição a ser aprendida por nossas igrejas no Brasil. Um outro ponto a ser destacado, e que citei anteriormente, é a forma de como os irmãos realizam o trabalho missionário independentemente do pastor.
Como igreja brasileira, além das músicas, programas e materiais que são usados aqui em Cabo Verde, a principal contribuição que podemos dar, não somente aos nossos irmãos cabo-verdianos, mas para o mundo, seria enviando missionários. Jesus precisa voltar e, para isso, é preciso mais pessoas que possam continuar a obra da pregação em todos os cantos da Terra. O Brasil tem uma juventude animada, preparada e que pode contribuir demais para o avanço do Reino.
Que conselho você daria a um jovem talentoso que neste momento da história não está envolvido na missão da igreja?
> Todos os dias somos levados a experimentar algo novo. É um sabor, um cheiro, sensações, toques. Não consigo explicar como é bom estar envolvido com as coisas de Deus, você precisa ter a sua experiencia para saber como é sublime! Ver vidas sendo transformadas por sua influência, ver milagres de pessoas sendo salvas porque você contribuiu com o Espírito Santo para isso é algo que você precisa vivenciar para saber. Por isso, se você ainda não está envolvido nesta obra de salvação, esse é o momento de você se envolver. Jesus precisa voltar e Ele quer usar você para completar essa missão.
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