A "Mancha Verde" se manchou de sangue

 


Por Célio Barcellos

Era para ser apenas um momento do esporte em que as torcidas gritassem e empurrassem os seus times como se o coração estivesse no bico da chuteira do atleta. 

Era para ser... mas não foi. Infelizmente, neste domingo (27), pessoas mancharam suas mãos ao assassinar adversários em nome de uma idolatria. Do pecado em ser fanático. 

De maneira covarde, a Mancha Verde (torcida organizada do Palmeiras) numa alquimia violenta tornou-se em mancha de sangue. Trocou o verde da torcida, pelo vermelho da fúria. 

Trocou o verde da paz pelo vermelho da selvageria, da vergonha, da brutalidade, da burrice, da imbecilidade, da covardia... O vermelho da violência e da morte. 

Em meus tempos da juventude também sonhei em ser jogador de futebol. Como bem diz a canção do Skank: “Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?”
Equipe Júnior do Praiano

Eu me recordo com certa nostalgia dos finais de semana quando nas traves do Estado Municipal eu defendia as cores do Praiano Esporte Clube de Conceição da Barra.

Certamente, o esporte é de grande importância para a juventude brasileira. Foi muito útil para mim, pois ele me ajudou a desenvolver amizades que carrego até hoje e me distanciou de possíveis problemas.

Sou bastante grato a pessoas como: Alfredo Santos, Sr. Ademar (in memoriam), Inácio Oliveira, Samuel Pedrosa, Nego Del, Zé Turibio, Cabrito, Nego Zé, Berlínio e tantos outros que separavam tempo de suas vidas e recursos financeiros para ajudar garotos a se desenvolverem através do esporte. 

Ainda no contexto de minha juventude, havia um jovem chamado Pedro Doidão (já falecido). Toda vez que nos encontrávamos, ele só falava em brigar e matar pessoas. Eu não era amigo dele, mas um colega do esporte o conhecia e de vez em quando ele se aproximava de nós no contexto de diversão noturna. 

O Doidão andava com um punhal e sua verbalização girava entorno de matar pessoas. Era um papo estranho que me incomodava. Até porque eu era meio matuto vindo de Itaúnas e lá em nossa pacata Vila, não pensávamos daquela maneira violenta. 

Toda vez que o Doidão chegava, eu dava um jeito de me afastar. Infelizmente, o Doidão foi assassinado. Isso já faz uns 15 anos ou mais. 

Se porventura, eu pudesse dar um conselho a alguém, o conselho seria o seguinte: procure desenvolver a sua vida longe das turbas. Principalmente das turbas violentas. Evite confusões, evite palavreado que promova violência e que fira a dignidade das pessoas. 

O que levou a Mancha Verde cercar o ônibus da Máfia Azul (torcida do Cruzeiro) e praticar esse ato violento tem que ver com a palavra ódio. Se pelo menos as pessoas buscassem o significado das palavras, haveria mais possibilidade de contenções. Seja no contexto do esporte, da política, da religião ou de qualquer outra situação. 

Por exemplo, de acordo com o dicionário Oxford, ódio significa aversão intensa, geralmente motivada por medo, raiva ou injúria sofrida. 

Por consequência, um pouco mais de paciência para a busca do significado etimológico do termo, descobre-se que do latim é odium e contém as palavras repugnância e antipatia

Para melhor elucidação, a busca das variantes nos sinônimos e antônimos clareará ainda mais o entendimento da palavra. 

O sinônimo de ódio é fúria, malevolência e repulsão. Algo que se praticado gera enormes prejuízos tanto de forma ativa quanto passiva. 

Contudo, o antônimo de ódio é afeto, amizade, amor. Ou seja, palavras totalmente propositivas para coisas elevadas. Aqui está um dos segredo da educação e o desafio para os professores: ter a paciência em ensinar os sons e o significado das palavras. Parece coisa boba, mas o falar e escrever bem é uma arte que jamais deve ser esquecida. 

Não quero com isso dizer que esse é o remédio para evitar violência. Até porque há pessoas nobres e educabilíssimas que praticam atrocidades. 

Contudo, a verdadeira educação tem início na família com o exemplo dos pais para os filhos. E certamente passa por uma palavra chamada disciplina. E, disciplina independe de falar ou escrever bem. Depende do caráter, do respeito. 

Para concluir, na filosofia do Talmud de acordo com Samuel Belkin existem dois princípios fundamentais: “A soberania de Deus e o respeito à dignidade da pessoa humana”. No entendimento talmúdico, “o caráter sagrado do ser humano é a pedra fundamental de todas as relações humanas”. 

Na mentalidade judaica, assassinar alguém é o “maior dos sacrilégios”, enfatiza Belkin. 

Portanto, o que a Mancha Verde fez deve ser encarado como algo gravíssimo e os responsáveis precisam ser corrigidos. Claro, que, este ato violento não é exclusivo de uma torcida apenas. Infelizmente, a Máfia Azul também tem histórico agressivo. Na verdade, nesta seara ideológica ninguém é santo, pois essas turbas assumem posturas demoníacas uma vez que são dominadas pelo ódio. 

Assim sendo, procure se conhecer um pouco mais e aprender melhor o significado das palavras. Desta forma, muitos atos violentos serão evitados. Até mesmo os apresentadores do esporte poderiam contribuir ao evitar palavrões e intrigas sem fim. 

Fuja das turbas! Fuja do ódio! Fuja das bolhas que uma sociedade corrompida pelo pecado oferece aos cidadãos! Fuja das palavras de "baixo calão"! Fuja das músicas, das literaturas e das artes que rebaixam a dignidade humana!  

Procure a sabedoria e serás uma pessoa livre das manchas da violência. 

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Comentários

  1. Ótima reflexão. Verdadeiramente, deveremos fugir das turbas. Deus abençoe sua vida, obrigado pelo excelente texto.

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  2. Texto muito bem explanado e reflexivo. Uma pena que as pessoas que mais precisavam ler não terão acesso. Muito importante quando fala da disciplina com os filhos. Criança precisa de limite e "pedem" por isso. Sabe quando vão colocar um dedo na tomada e olham para você? Estão pedindo por limite, esperando ouvir o "não pode!". Filhos educados em casa sofrerão menos na rua, na vida. Não tenha medo ou pena por dizer não ao seu filho. Você o preparará melhor para a vida! Creia.

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