Jaguariúna sob fumaça

 

Por Célio Barcellos

Os jaguariunenses estão como baleias nas profundezas dos mares em disparada para a superfície a fim de borrifar ar pelo espirômetro com o intuito de sobreviver em meio a fumaça. 

Não sei se de maneira criminosa, mas uma parte considerável da vegetação que circunda a cidade de Jaguariúna ficou em chamas nesta sexta-feira (23).

São 02:00 h da madrugada e a qualidade do meu sono nesta noite de sexta-feira para sábado está horrível em função da péssima qualidade do ar.

Imagina como estão os nossos irmãos do Amazonas e Serrado brasileiro!? As queimados no Brasil estão em nível assustador. 

Não me refiro a poluição como tradicionalmente conhecemos, mas a um incêndio que afetou a vegetação que circunda a cidade de Jaguariúna. 

Como tenho sofrido com problemas respiratórios, a fumaça me deixou bastante inquieto e certamente outras pessoas também. 

A lufada de ar fresco vinda da janela como um socorro para os pulmões, já não havia. Até mesmo o pôr do sol por causa da fumaça foi renegado à coxia ao invés do seu protagonismo no palco celeste do entardecer.

Se antes nas madrugadas me sentia como uma baleia borrifando ar pelo espiráculo, hoje, a sensação é de fazer parte da fauna assombrada com o fogo em desespero para sobreviver.

Imagine um Torquemada vindo em sua direção como o próximo da fila para o inferno da inquisição!

Se os animais pensassem como nós, eles compreenderiam o que é inferno e teriam a sensação de estarem pagando por seus pecados ao invés da realidade do paraíso que viviam. 

O grande problema é que o ser humano como um ser pensante, vive como um ignorante, uma besta fera à semelhança da Esfinge de Tebas que provoca morte e destruição por onde passa.

O homem causa a desgraça, depois sai em desespero à procura de um Édipo a fim de decifrar o enigma para destruir a besta fera que ele próprio criou. 

Da proxima vez que você sair para caminhar, procure observar um pouco mais. Você vai perceber que muitos dos transeuntes fumantes jogam a guimba do cigarro no chão.

Imagine por exemplo, as pessoas que têm esse hábito lançarem o cigarro próximo a uma reserva florestal; a um pasto verdejante; num posto de gasolina; numa casa de madeira ou até mesmo enquanto dirigem o automóvel! Não preciso nem detalhar o resto. 

Além de observar os fumantes, olhe para os que jogam lixo na rua e também para os donos de pets. Só te peço por favor: não os confronte! Lembre-se da besta fera citada acima. O homem mal-educado e ignorante não gosta de ser repreendido. 

Você vai perceber que os donos de pets, não me refiro a todos, claro. Muitos deles saem com os seus bichinhos para passear e não levam sacolas para recolher as fezes de seus fofinhos. E com isso, a cidade fica suja, fétida e com risco de transmissão de doenças. 

Essas pessoas se quer conseguem imaginar a possibilidade delas ou de um parente próximo pisar na sujeira ou contrair alguma micose ou algo mais grave. 

Além dos donos de pets tem os muitos animais soltos pelas ruas que já fazem essas sujeiras e ainda oferecem riscos de ataques às pessoas. 

Neste último caso, já é um problema de ordem pública, algo para a equipe de zoonose, o prefeito, os vereadores e o Ministério Público resolverem. 

Jaguariúna tem recebido prêmios por muita coisa boa que acontece no município, mas pode melhorar em outros aspectos. 

Pois bem, reflitamos um pouco mais. 

Quando Deus criou o mundo, Ele fez o espaço sideral, a fauna, a flora e por último o ser humano. Imagine o equilíbrio existente entre Adão e a natureza! Era uma homeostase! 

À medida em que o ser humano adentrava as florestas, mergulhava os rios e mares, uma simbiose completa se formava. Adão e sua esposa Eva, eram só love em meio ao natural. 

O grande problema foi o crime que cometeram e por conseguinte perderam tudo de bom. A desobediência de Adão afetou o planeta (Gênesis 3). 

Desde então, há uma guerra entre homens e natureza por espaço na terra. 

Quanto ao incêndio em Jaguariúna, não se surpreenda caso os bichos invadam as casas dos jaguariunenses na luta pela sobrevivência. E se alguém mora bem próximo aos locais das queimadas, cuide, pois os animais poderão aparecer em seu quintal. Especialmente cobras. Há a possibilidade delas surgirem, inclusive num vaso sanitário em busca de refrigério enquanto você se alivia. 

Concluo este texto com a seguinte pergunta: Será que os incêndios foram intencionais como uma espécie de forçar o poder público a criar mais loteamento na cidade? 

Acho que os vereadores já deveriam se movimentar para criar leis protegendo essas zonas verdes afetadas para que elas nunca sejam locais de moradia. Assim, a cidade vai evitar problemas futuros. 

A princípio, evitar habitações em locais reservados para a natureza pode até doer, mas no futuro, as próximas gerações agradecerão.  

Nunca pense só no agora. O amanhã, é totalmente desconhecido. 

Que Deus proteja a população e a todos os animais em pânico por causa deste inferno provocado por alguém!

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