Um pouco de ócio, por favor!

 


Por Célio Barcellos

Em meio aos noticiários acerca das queimadas no Pantanal e na Amazônia, me lembrei do escritor norte-americano Henry David Thoreau, que fortemente influenciado pelo pai do movimento ambientalista, o alemão Alexander Von Humboldt, deu uma pausa da vida agitada da cidade e se refugiou numa cabana por 2 anos no Lago Walden, quando na ocasião escreveu a obra Vida no Bosque, em que enfatizava a autodisciplina, a autenticidade e a simplicidade. 

Em uma de suas frases, Thoreau diz que o ser humano não “tem tempo de ser nada além de uma máquina”. 

Se no século 19 já havia essa preocupação com o excesso de trabalho, imagina nos dias atuais em que, além do trabalho físico, temos de transitar entre o mundo real e o mundo virtual, numa espécie de Big Data que nos empurra para um metaverso sem fim. 

Será que uma boa pausa não nos faria bem? 

Às vezes criticamos o monasticismo em função da vida isolada que propunha aos monges. Claro, que, não precisamos tomar ao pé da letra tudo o que fizeram. 

No entanto, podemos extrair muita coisa boa para enfrentarmos melhor a dinâmica dessa cultura da pressa. 

Talvez esteja faltando em nós um pouco de ócio para melhor contemplação. Estudiosos como Hugo de São Vitor no período medieval, tratavam a contemplação em dois níveis:

“O primeiro pertence aos principiantes que consideram as criaturas”. 

Para os estudiosos do Medievo não era possível compreender nada do Criador a não ser a partir de suas criaturas. 

Por isso, o primeiro nível de contemplação tem que ver em observar a vida humana e a sua capacidade criativa. Essa observação era uma das especulações acerca da existência do Deus criador.

Por exemplo: Ao observarem uma mesa, mesmo sem saber quem a fizera, eles compreendiam que aquela obra fora realizada por alguém que conhecia de madeira, de verniz, de medidas, enfim… havia uma mente inteligente para tal façanha. 

“O segundo nível pertence aos perfeitos, que contemplam o Criador”.

Aqui não é no sentido de perfeito igual a Deus. Até porque, os pensadores medievais não tinham essa pretenção. 

Tente compreender esse segundo nível ao pensar num templo. Tenha em mente que a etimologia da palavra contemplação vem de templo. 

Quando um cristão medieval entrava num templo, a sua intenção primária de respeito e reverência estava focada no altar. 

Contudo, a contemplação como objetivo, conduzia o devoto à percepção de flutuar e olhar as coisas do alto tendo a visão do todo. 

A perfeição descrita neste nível, era o privilégio em compreender as coisas espirituais sem as perturbações que obscureciam a mente. 

Portanto, procurar momentos a sós para a saúde mental é algo que tanto o ócio medieval quanto o ócio de Thoreau no Lago Walden nos motivam a darmos uma pausa na correria para a meditação a fim de alcançarmos a contemplação. 

Quando me refiro ao ócio, não estou dizendo para o indivíduo entrar num estado zen de preguiça e neutralização da capacidade criativa. 

Até porque, o próprio Deus reservou o Shabbath para o ser humano refazer as forças e dar um tempo das fadigas diárias. 

O polemista judeu-americano, Ben Shapiro que tem uma agenda lotada, ao chegar o sábado, desliga tudo, inclusive o telefone celular. 

Ele diz que reserva não somente 24 do shabbath, mas 30 horas de repouso para Deus e para a família. 

Separar tempo para a meditação e contemplação é um estilo de vida transcendental. 

O Apóstolo Paulo diz que devemos “buscar as coisas lá do alto” (Colossenses 3:2). 

Assim sendo, se você é cristão, leia a sua Bíblia com atenção, silêncio e devoção. 

E, se porventura, falo para alguém não cristão, o ato de repousar e separar momentos para a reflexão, para a leitura de um bom livro ou até mesmo ouvir uma música de qualidade são benefícios extraordinários para todo ser humano. 

Procure meditar e contemplar, pois certamente você alcançará o nível de perfeição que pessoas maduras na fé já experimentaram. 

Um pouco de ócio, por favor! 

Que Deus te abençoe ricamente!

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