Gaúchos submersos

                          


Por Célio Barcellos
Bem cedinho eu acordei para reflexões e oração. A minha esposa assustada por causa de um indefeso grilo que estava no corredor, talvez fugindo da fumaça de alguma queimada próxima, me chamou com certo tom de sua voz que poderia acordar os vizinhos. 

Me agachei, joguei um pano sobre o inseto para não correr o risco de aleija-lo e impedi-lo de viver, e o coloquei na janela.

Ao retornar para o escritório e continuar as reflexões, lembrei-me do Rio Grande do Sul. Naquele momento decidi orar pelos compatriotas gaúchos que vivem uma situação de calamidade em função de chuvas e rompimento de barragens. 
Imagem: Folha PE

Voltei-me novamente até a janela e agradeci a Deus por ver a cidade onde vivo - Jaguariúna/SP, dentro da normalidade. 

Fico a imaginar o desespero e o sofrimento dos gaúchos neste momento. Cidades completamente inundadas em que as águas alcançam os telhados das residências.

Imagino os gritos das crianças! Não gritos de brincar, do chorar manhoso, da correria de uma "pelada" na rua ou em função de uma arte, mas gritos por socorro, por ajuda, por medo da morte.

Também ouço gritos dos voluntários que se ajeitam em seus caminhões, máquinas e Jeepes que numa corrente solidária arriscam suas vidas para salvar pessoas. 

Ainda um pouco mais na reflexão, ouço os gritos de "O Louco", de Gibran. Louco esse que ao tirar as máscaras percebe que a vida é igual para todo mundo e que a dignidade da pessoa humana é obrigação dele ajudar a construir. 

Infelizmente, há mascarados que gritam para ludibriar o indefeso, para explorar a miséria daquele que não tem pão, para tirar proveito político de uma tragédia a fim de receber likes e vantagens num momento de sofrimento.

Ao montar os seus palanques sobre as águas de um Guaíba nervoso, indomável e que carrega homens e animais em pânico para o medo e para a morte, esses loucos de máscaras não possuem um pingo de sensibilidade e compaixão. 

Quando olho para a janela, lá está o grilo, grudado na rede. Fico a imaginar pessoas grudadas uma às outras para a sobrevivência. 

Nessa hora não tem partido "A" muito menos o partido "B"; Não tem "Direita" e nem "Esquerda"; nem tão pouco Bolsonaro ou Lula. Quer saber de uma coisa: Esqueçamos esses caras e vivamos as nossas vidas. Fujamos de ideologias, pois no "teatro das tesouras" quem padece somos nós. 

Somos mais do que inteligentes para distinguirmos os que surfam na pororoca da desgraça com o intuito de ganhar vantagem, e aqueles que vestem o macacão e pisam na lama para ajudar as pessoas sem a hipocrisia de um mascarado. 

Eu olho novamente para a janela e ainda vejo o grilo grudado na malha da rede. Talvez ele esteja assustado com a fuga por causa da fumaça que o ameaçava. 

O agarrar na rede para o indefeso grilo, talvez seja a única oportunidade que ele tem para recarregar as suas forças e voltar a viver em seus saltos e vôos. 

É possível que muitos gaúchos estejam amontoados nas casas de parentes; nas casas de estranhos; em espaços públicos e até mesmo agarrados num alambrado ou numa cerca que resista à força descomunal da água que passa como um dilúvio arrastando tudo. 
Imagem: Canal Rural

Que a tragédia no Rio Grande do Sul e em tantos outros lugares que ocorrem pelo país nos ensine que o distanciamento humano por causa de ideologias, religião, status social ou qualquer outra coisa bobagem é uma burrice sem precedente, pois a qualquer momento, poderemos estar em apuros precisando de alguém (leia aqui).

Ah, voltei-me para ver o grilo novamente e ele não estava mais lá. Saltou a voar na liberdade que sempre teve. 

Que o povo gaúcho na resiliência de sua força, de sua tradição, de sua esperança, de sua liberdade e de sua confiança em Deus supere o medo e os prejuízos dessa tragédia. E, à semelhança de um simples grilo grudado numa rede, volte a vestir a bombacha, encher a cuia de mate e sorrir para a vida. 

Força gaúchos! Força Rio Grande do Sul! Estamos orando por vocês! Além da oração, faça o seu pix e ajude os nossos irmãos gaúchos!




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