"Quem morre, não morre

 



Por Célio Barcellos
Era madrugada, quando de repente por volta dos 6 ou 7 anos de idade, eu me deparei com uma situação um tanto sobrenatural. 

A minha tia avó, Maria Ortiz Barcellos, recém falecida, aparecera para mim. À época, eu fiquei um tanto assombrado com aquilo, pois nitidamente ela estava ali. Não foi sonho. Eu a vi literalmente. 

Nós éramos muito pobres e morávamos numa casa simples de barro na Vila de Itaúnas, litoral norte capixaba. 

Eu dormia numa esteira feita pelas mãos talentosas do Sr. Romancino. O assoalho de madeira facilitava um pouco a minha vida na esteira, por ser muito melhor do que um piso frio de cimento.

A nossa casa era pequena. Continha o quarto dos meus avós, uma sala em formato de L que futuramente foi fechada uma parte para virar o meu quarto e que tinha essa janela de madeira da foto abaixo, atrás da Maria Ortiz. 
Imagem: Rogério Medeiros, Maria Ortiz em sua casa onde morávamos

A sala mencionada se encontrava com a cozinha de “chão batido”, termo utilizado para o piso compactado de barro. E havia um grande quintal. 

De acordo com a tradição oral de minha família e dos moradores antigos da Vila, a tia Ortiz tinha a idade de 137 anos. É isso mesmo que você leu! Acho que ela tinha algum parentesco com Matusalém da Bíblia. (Rssss) 

A tia Ortiz estava acamada há algum tempo devido a uma fratura que teve no fêmur. Mesmo criança, eu auxiliava os meus avós nos cuidados com ela. 

Naquela simples casa de apenas um quarto, eu precisava dividir a sala com a tia Ortiz. Ela dormia numa cama de solteiro, e eu na minha esteira como se estivesse num colchão. 

Com a partida da tia Ortiz para o mundo dos mortos, eu fiquei dormindo sozinho. O ambiente ficava totalmente escuro, pois a lamparina era apagada tão logo fôssemos dormir. 

Era a nossa rotina. Jantávamos ao pôr do sol, conversávamos à luz de lamparina e tínhamos um rádio a pilhas que utilizávamos mais pela manhã. Normalmente, por volta das 8 da noite já íamos dormir. 

Em uma noite qualquer, bem próxima aos dias da morte da tia Ortiz numa madrugada, eis que ela aparece para mim. 

Confesso que, se à época eu pudesse olhar no espelho naquele momento, certamente não haveria sangue em meu rosto. Eu não consegui gritar muito menos me levantar.

 O medo foi assustador e o que fiz foi me cobrir totalmente com o lençol e rezar para que o dia logo amanhecesse e que aquela coisa não mexesse comigo. 


Dentro do campo de ação da Liberdade Religiosa as pessoas podem acreditar no que quiserem e serem respeitadas em suas crenças. Naqueles idos de minha infância, eu cria que uma pessoa quando morresse poderia voltar para interagir com os vivos. 

Atualmente, a minha compreensão progrediu para o entendimento de que a pessoa que morre, de fato morre (Eclesiastes 9:5,6).

Eu até me lembro de um seriado da Tv intitulado, “Caso Verdade”, em que num dos episódios, um jovem invadia um cemitério numa atitude de coragem por causa de uma aposta para roubar uma cruz. 

A pessoa falecida chamava-se Pedro Malazarte. E, de repente quando eles estavam ao redor de um fogueira, eis que alguém bate ao portão com o nome Pedro Malazarte à procura de sua cruz. O suspensa da cena foi tão medonho que me causou medo no sofá. 

Com todo o respeito às milhões de pessoas que acreditam que “quem morre, não morre” e que, anualmente separam a data de 02 de novembro para momentos nos cemitérios quando se dirigem aos túmulos para lembrança dos que entes se foram, compreendo que existe uma força sobrenatural que muitas vezes se personifica de uma forma tão real, que imita voz, cheiro e tudo o que faz lembrar da pessoa que se foi. 


Esse tipo de experiência é algo muito forte e até convincente, pois normalmente, o aparecimento de uma pessoa do além é acompanhado de conforto pelos relatos positivos do lugar e da oportunidade que a pessoa tem de conversar com o “ente” que partiu.

Nunca trate com desrespeito a pessoa que acredita dessa forma. É algo muito delicado ao ser abordado. Quando houver a oportunidade para esclarecimentos do assunto, o ideal é não se esquivar. 

Essa compreensão equivocada acerca da imortalidade faz parte do grande conflito entre o bem e o mal e tem origem na história do pecado do ser humano. 

É um dever de quem prega o Evangelho compreender esse assunto e esclarecer essa questão, pois o objetivo de Deus é restaurar o ser humano à Sua imagem. 

Se você aceita a Bíblia como a Palavra do Senhor, é preciso enxergá-la como verdade objetiva de Deus. É necessário se desprender dos conceitos e tradições advindos da narrativa criada pela serpente. 

Quando você abre a sua Bíblia em Gênesis capítulo 3, ali está a maneira que o inimigo de Deus se contrafaz à Sua Palavra ao criar uma narrativa diametralmente oposta à verdade de Deus. O Senhor diz que o "homem morre" se desobedecer (Gênesis 2:15-17). A serpente contradiz que “não morre” (Gênesis 3:4). 

- “… É certo que não morrereis” (clique no vídeo abaixo para melhor compreensão do relato). 


A frase acima tem acompanhado a humanidade ao longo de milênios. A imortalidade da alma apesar de popularizada pelos gregos, tem origem muito antes. 

Desde os povos babilônicos, assírios, cananitas e tantos outros na antiga Mesopotâmia já acreditavam que a “pessoa que morre, não morre”. 

Prezado amigo e distinta amiga que lê este singelo texto. Permita o Senhor Deus iluminar a sua mente para a real compreensão desse assunto. 

Se na história da humanidade antes do pecado, quando os nosso primeiros pais tinham a plena condição de não serem enganados, se deixaram levar pela narrativa do inimigo de Deus que se personificou numa serpente, imagine o que ele é capaz de fazer num mundo em que é preparado diariamente para isso!?

Além do cristianismo ter entrado na narrativa da serpente, o mundo da fantasia, dos desenhos e do entretenimento bombardeia os nossos cérebros desde muito cedo com enredos que fixam a ideia de que “quem morre, não morre”. 

Portanto, mesmo que você vá ao cemitério para autoavaliações, lembranças e até mesmo limpar o túmulo de quem você amava, procure distinguir a Verdade Objetiva de Deus da narrativa da serpente. 

Estude esse assunto com atenção e clame ao Espírito Santo para iluminar os seus pensamentos até chegar a real compreensão do que Deus de fato quer que você compreenda. 

Não queira contatos com experiências sobrenaturais que seguem as linhas da narrativa da serpente!

Concomitante à fala inicial deste texto sobre a experiência sobrenatural na minha infância, uma coisa eu tenho certeza hoje: se a Maria Ortiz aparecer, eu repreenderei em nome de Jesus Cristo, pois eu sei que “quem morre, de fato, morre”. 

Não somente a Maria Ortiz, mas todo ser humano que conheci e que fez parte de minha vida. Eu não quero nenhum contato com a narrativa da serpente. 

Essa ilusão de que o ser humano é eterno, só faz aumentar a distância dele para a Verdade Absoluta de Deus. E há também a outra narrativa de que Deus não existe e que tudo termina na morte. 

O mais interessante é continuar a crer na Palavra do Senhor, pois Ele não somente destruirá a serpente com as suas narrativas, bem como de fato, fará reviver da morte, todo aquele que manteve a confiança em Sua Palavra (1Corítinos 15:51-58; 1Tessalonicenses 4:13-17). 

Quem morre, de fato morre. Transmitir a ideia de alma fora do corpo, só reforça a narrativa da serpente ao querer colocar o ser humano em pé de igualdade com Deus. Isso não é verdade. 

Nunca se esquece de que você não é pré-existente. Você só existe porque o Poderoso Deus te criou. E quando você morrer, o estado será de inconsciência.   

Que Deus conforte o coração de todos aqueles que perderam pessoas queridas! 

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Comentários

  1. Olá, primo Célio, gostei muito das memórias afetivas que descreveu sobre a nossa família e a relação estabelecida entre a realidade vivida e os escritos bíblicos...Muitas saudades de toda a sua família, venham quando puderem!!

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