A teologia é a rainha das ciências




Por Célio Barcellos
Apesar da universidade insistir na neutralização de Deus e da religião em seu círculo acadêmico, ela tem sua origem nos claustros medievais. De acordo com CRAIG & MORELAND (2021), os pensadores da Idade Média levavam tão a sério essa questão que viam na teologia a "rainha das ciências” e que só poderia ser estudada após preparo em outras disciplinas.[i]

Contudo, nos dias atuais em que a pós-verdade recheada de subjetividade para a desconstrução de valores que nortearam a civilização ocidental até aqui, renegou a rainha das ciências. Ela  “está atualmente exilada da universidade ocidental. Mas a sua criada, a filosofia, ainda tem um lugar na corte e está assim estrategicamente posicionada para agir em nome de sua senhora”.[ii]

O grande problema segundo CRAIG & MORELAND é que o “cristão comum não percebe que há uma batalha intelectual sendo travada nas universidades, nas revistas especializadas e nos círculos profissionais”.[iii] E além do mais ele precisa conviver com o chamado cientificismo. Esse termo tem que ver com a banalização da expressão: “a ciência diz”. 

No cotidiano da vida humana, o que a ciência tem dito? Nas guerras de narrativas atuais, o jargão soa como mantra entre jornalistas, professores, políticos ou outra categoria que queira validar o seu argumento e utilizar como trunfo, a expressão: “a ciência diz”. Para GREGG, (2019), quando alguém se utiliza da ciência “ele está frequentemente implicando que a ciência natural providencia o único padrão real de objetividade, tornando o cientista uma autoridade quase religiosa a quem todos devem se submeter”.[iv]
Imagem: Conhecimento Cientifico 

Tal qual foi presenciado nos últimos anos com a crise da Covid-19 quando uma série de abusos em nome de uma ciência mais especulativa do que empírica, exigiu que a população acreditasse pela fé. Os especialistas se comportaram mais como antigos sacerdotes pagãos evocando deidades para validar um pensamento único sem qualquer chance de observação mais aprofundada por divergentes. 

Neste ínterim, quem se atrevesse a desobedecer aos sacerdotes era lançado na masmorra do negacionismo em que a fogueira ou a guilhotina do cancelamento conduziam o infrator direto para o limbo da ignorância sem a oportunidade de remissão. O grande dilema é que estudos atuais têm mostrado reviravolta a tudo o que foi imposto.

Uma portaria do ministério da saúde da Itália decretada em 28 de outubro do corrente ano, obrigou o retorno imediato dos médicos e profissionais de saúde que haviam sido suspensos por se negarem a tomar a vacina.[v] Sentença semelhante aconteceu no estado de Nova York quando a Suprema Corte restabeleceu os funcionários que não haviam sido vacinados.[vi]

Em nenhuma hipótese, pessoas sérias que discordavam da forma como obrigaram as pessoas estavam negando a importância da ciência e da vacinação, mas da maneira louca com que fizeram. Acerca do que ocorreu como obrigatoriedade da vacinação especialmente para as crianças, leia meu texto publicado na Gazeta do Povo.

Muitos dogmas são criados baseados nessa força cientifica. A religião humanista em suas várias divisões está repleta de seitas que insistentemente trabalham para destruir o pensamento que norteia o Ocidente até aqui. Como os cristãos da atualidade suportarão a força das muitas ideologias que pretendem banir a cosmovisão cristã? Será que o smartphone e os seus muitos entretenimentos não estão contribuindo para uma pobreza moral e intelectual daqueles que deveriam estar em alerta máximo contra os abusos impostos por seitas humanistas?

Se a universidade foi tomada por uma casta que em nome da democratização do ensino doutrina com o pensamento único e tenta banir Deus da mesma por achar que Ele está morto, infelizmente é preciso confronta-la e encarar os missionários formados nela mostrando que os mesmos à semelhança dos cruzados são ferrenhos embaixadores de uma causa. São religiosos adoradores de deuses à semelhança dos pagãos em suas diversas ramificações. Os cristãos devem estar na universidade e produzir trabalhos excelentes para o bem-estar das pessoas. 

Concomitante a esse pensamento, Gregg menciona que o domínio do socialismo científico atualmente forma um cânon sagrado com as obras de Marx, Engels e Lenin. Eles se unem como organização religiosa, com fé própria, teologia marxista, além de santos como Che Guevara e Lenin possuidores de santuários próprios e a doutrina da qual os membros se comprometem com a ortodoxia.[vii]

Desta forma, a briga por hegemonia do pensamento não é algo que o cristão deve achar que não existe. O melhor que cada defensor da cosmovisão bíblica pode fazer é se dedicar à semelhança dos grandes estudiosos do passado. Eles eram homens que não perdiam tempo com memes e fofocas, mas à luz de lamparina eram versados em grego, latim, hebraico e outros idiomas que exigiam aprendizado para o avanço do Reino e confronto com as heresias. 

Só de pensar que um pobre camponês chamado William Tyndale versado em grego, hebraico, latim e no seu vernáculo materno, foi capaz de no século XVI traduzir a Bíblia para o inglês e ser reconhecido como o “pai da Bíblia inglesa”[viii], é uma motivação para que cristãos façam o mesmo atualmente. Será que os cristãos estão antenados em associar os acontecimentos à luz do conhecimento bíblico? Ou somente se enveredam para conclusões meramente políticas e ideológicas propostas pelos ramos do saber humano? 

Para tanto, a teologia não deve se curvar a nenhuma ciência. Ela é a "rainha das ciências". A teologia não tem origem nos claustros. Na verdade, desde o Éden ela formula o pensamento da humanidade. A escritora Ellen White diz que a “ciência da salvação é a mais importante das ciências a ser aprendida na preparatória escola terrestre”.[ix] E ela ainda diz mais: o "Éden era a sala de aula; a natureza, o compêndio; o próprio Criador, o instrutor; e os pais da família humana, os alunos".[x]

Assim sendo, qualquer tentativa da universidade ou qualquer outro seguimento que queira invalidar a fé do ambiente racional, está cometendo preconceito religioso baseado na arrogância e egoísmo. O que se percebe é que todos possuem fé em algo, ainda que digam o contrário. Tentar ridicularizar o cristão como ignorante é um ato covarde, desonesto e desrespeitoso com quem ajudou a pavimentar a estrada do saber. 

Concluo esse texto com a seguinte ilustração que li um tempo atrás: 

Conta-se que um grupo de cientistas ateu decidiu escalar uma montanha muito íngreme e cheia de obstáculos. Aquele grupo repleto de arrogância achava que o desafio era o máximo e que jamais teólogos conseguiriam tal façanha, pois eles não tinham conhecimento e nem habilidade suficientes, uma vez que se baseavam na fé. Depois de longos dias escalando com bastante cuidado, finalmente eles chegaram no topo. E para surpresa e tristeza ao mesmo tempo, notaram que um grupo de teólogos já se encontrava reunido e engrandecendo o nome do Criador. 

É isso! A teologia é a rainha das ciências, o resto, é papo de orgulhoso e arrogante. 

REFERÊNCIAS

[i] J. P. Moreland e Willam Lane Crag, Filosofia e Cosmovisão Cristã. São Paulo: Vida Nova, 2ed., 2021, p. 33. 

[ii] Ibid., 33. 

[iii] Ibid., 32. 

[iv] Samuel Gregg, Reason, Faith, and the Struggle for Western Civilization. Washington,DC: Regnery Publishing, 2019, p. 77

[vii] Samuel Gregg, Reason, Faith, and the Struggle for Western Civilization, p. 87.

[viii] Samuel J. Schultz, A História de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2002, p. 4

[ix] Ellen White, Conselhos Aos Professores, Pais e Estudantes. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. 5ed., 2007, p.19. 

[x]  Ellen White, Educação, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 9ed., 2008, p.20.


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