Um brinde à amizade

Por Célio de Barcellos 

O galinho acima desde que me entendo por gente, existe em minha casa e é fruto de um presente de amizade. Há mais de cinco décadas a minha mãe (Adocélia, conhecida pelo apelido Dodô) recebeu das mãos da sua comadre Penha Maia (in memoriam), esposa do também falecido Gregório Maia. 

Ambas do sertão de Itaúnas, desenvolveram amizade desde o Córrego Grande. De acordo com a minha mãe, a Dona Penha deu o presente por ocasião em que ela e o seu esposo Gregório residiam na localidade do Viana, período em que trabalhavam na Fazenda do falecido Humberto Serra. Ao colocarem a conversa em dia e relembrarem da infância no sertão, a Penha, no momento em que minha mãe ia se despedindo, deu o galinho de presente. 

Desde pequeno, entre as minhas brincadeiras e travessuras, eu sempre observei para o galinho. Ora ele estava sobre a mesa ou ora sobre a mesinha da máquina de costura. Eu observava aquele objeto único que dava um ambiente de arrumação em nossa simples sala. 

Em minhas idas com a família a cada verão para visitar minha mãe e os familiares de minha esposa, decidi pedir o galinho. Eu disse que preservaria com cuidado. Lá foi minha mãe e me doou um presente que estava com ela há mais de cinco décadas. 

E falando em galo, o amigo Moisés Oliveira, ao fazer uma viagem a Portugal com a família, passou pela cidade de Barcelos e lembrou de mim. Em função de meu sobrenome ter origem nesta cidade de Portugal, ele comprou e me presenteou com um cartão que relata a lenda do Galo de Barcelos e um chaveiro. 

Confesso que fiquei muito feliz pela lembrança e consideração que o amigo teve para comigo. Ele estava passeando em uma terra distante com o objetivo de visitar o seu irmão que não o via há 15 anos e simplesmente lembrou de mim. 

Há coisas que são preciosas na vida. E uma delas é a amizade. Milton Nascimento diz que amigo "é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração… No lado esquerdo do peito”. 

Por conseguinte, a Bíblia diz que há "amigo mais chegado que um irmão”(Provérbios 18:24). 

Eu louvo a Deus pelas muitas amizades que construi ao longo da vida! Atualmente, na região que estou, tenho desenvolvido amizades e pretendo continuar a conhecer mais pessoas e poder até presenteá-las com algo que marque a interação. Porém, o maior presente que preciso doar, é o evangelho de Jesus Cristo. 

Procure ser amigo de alguém! Se tivermos a oportunidade de envelhecermos, o que fará toda a diferença é ter pessoas para conversar e relembrar a vida. Não permita uma fofoca, uma desavença ou até mesmo ideologias distanciar você da amizade de alguém. 

A minha mãe está com 85 anos e tem "amigos mais chegados que irmãos” que sempre conversam com ela ao telefone. Ora ela liga, ora recebe ligações. Quando está na terra dela (Itaúnas) ou Conceição da Barra, há pessoas tão chegadas que a convidam não somente para colocar a prosa em dia, mas para almoçar, jantar e passar dias dormindo no local. 

Minha mãe, passando um tempo conosco

Na casa dos Vasconcelos em Itaúnas por exemplo, a Marta e o Astor, a tem como alguém da família. Até uma cama e quarto reservado existe aguardando por minha mãe. 

É isso ai… a Penha Maia se foi, mas deixou algo que marcou a amizade dela com a minha mãe. Apesar dela não ter vivido até aqui, o presente que ela doou para a Dona Dodô, inspirou a escrita desta crônica. E quando a minha mãe encontra os filhos da Penha, há boas conversas, respeito mútuo e ótimas lembranças. 

Ah, e o presente que ganhei do amigo Moisés! Guardo com muito carinho. Por uma questão de homenagem, assinarei o texto de hoje com o "de Barcellos”. Na verdade, descobri que era assim que assinava a minha bisavó, Vitalina de Barcellos. Viu só? Um simples presente me ajudou até a descobrir como se escrevia o verdadeiro sobrenome de meus antepassados. 

Que Deus abençoe a todas as pessoas que valorizam a amizade! E não se esqueça do melhor amigo, Jesus Cristo. 

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