O legado dos avós Parte 1

Por Célio Barcellos

Texto: Rute 4:14-17

A simbiose Judaico-alemã produziu grande riqueza cultural no período conhecido como idealismo alemão. Dentre os muito nomes da época, destaca-se o filósofo Franz Rosenzweig, autor da obra, Estrela da Redenção (1920), de grande contribuição para o pensamento religioso do século XX. Para Rosenzweig, "a história não é apenas para ser contemplada, mas sim para ser posta em prática". 

Partindo desse princípio, os horrores do passado não precisam ser repetidos, desde que estejamos dispostos a colocar em prática a nova história que almejamos construir. Se focarmos nos fatos negativos do passado, não ficaremos livres do ressentimento e assim teremos dificuldades com as pessoas, com o ambiente e conosco mesmo. 

A história a seguir, ocorreu no período de Rosenzweig, mas em continentes diametralmente opostos.  Não é sobre um judeu/alemão à semelhança de Rosenzweig, mas de um missionário enviado para a Colômbia em 1920, com intuito de fincar a bandeira da Igreja Adventista do Sétimo Dia nesse país da América  do Sul.  

O missionário era Max Trummer, de ascendência alemã viajou por todo aquele belo país da América do Sul distribuindo literatura e capacitando novos conversos ao evangelho. Por diversas vezes, foi milagrosamente libertado de turbas fanáticas que estavam inclinadas a matá-lo. 

Você pode ler sobre ele e suas experiências no livro Heretic at Large (Grandemente Hereges). 

Depois que os Trummers continuaram o trabalho em Medellín, a segunda maior cidade da Colômbia, e nos distritos periféricos por vários anos. Para expansão dos trabalhos, a administração solicitou os seus serviços no estado de Santander.

Em seguida, eles se mudaram para Bucaramanga, a capital do estado de Santander, onde começaram a dar estudos bíblicos a Don Fernando Afanador e sua esposa, Catalina Perez. Eles foram os primeiros conversos da Igreja Adventista do Sétimo Dia em um país predominantemente católico. 

Cidade de Bucaramanga atualmente

Foi na humilde casa da família Afanador que o primeiro grupo se formou até que o local da primeira igreja na década de 1930, ficasse pronto. Em 1934, Catalina Perez  foi internada no único hospital da cidade devido a complicações em sua gravidez.

Na época, os capelães do hospital eram padres católicos, e a maioria das enfermeiras eram freiras. Disseram-lhe que ela precisava fazer uma cesariana, mas primeiro ela teria que se confessar com um padre e receber a comunhão de sua mão antes de realizar a cirurgia. 

Quando ela se recusou a confissão, eles penduraram um grande crucifixo em suas costas até que ela o fizesse, e por três dias lhe foi negado todo o atendimento médico até que ela e o bebê que carregava faleceram. 

Catalina Perez foi a primeira mártir adventista do sétimo dia na cidade de Bucaramanga, Colômbia. 

Não compartilho essa história horrível com raiva ou críticas à Igreja Católica.

Na época, pessoas de outras religiões, em um país predominantemente católico, eram consideradas apóstatas e até hereges. 

Compartilho sua história de fé intransigente porque, como resultado de seu compromisso com o Deus a quem ela deu sua vida, membros de sua família aprenderam a acreditar, servir e amá-Lo.

E hoje, a Igreja Adventista do Sétimo Dia continua a crescer com cada batismo e alcançar muitas pessoas que herdam a fé de Catalina Perez em Deus. 

O que teria acontecido com a recém-criada Igreja Adventista do Sétimo Dia em Bucaramanga se Catalina Perez tivesse cedido às exigências e abandonado sua fé? Ela e o bebê que carregava poderiam ter sobrevivido, mas e quanto à sua própria fé? E seu marido, Fernando Afanador, e seus outros filhos? E a fé deles? 

Fernando Afanador e Catalina Perez tiveram dois filhos e três filhas. Fernando Jr. morreu de tuberculose na adolescência... mas morreu com sua fé em Deus intacta. Seu outro filho, Enrique Afanador, faleceu há apenas alguns anos, por volta dos 70 anos, de doença de Parkinson... mas morreu com sua fé em Deus intacta. 

Uma das igrejas na Colômbia

Uma das filhas do irmão Fernando Afanador e de Catalina Perez era uma linda jovem, Cecilia Afanador... essa é a minha mãe. 

Veja, Catalina Perez, a primeira mártir adventista do sétimo dia em Bucaramanga, Colômbia, era minha avó.

Eu nunca a conheci porque nasci algumas décadas depois.

Mas sua decisão marcou a vida de minha mãe, e minha vida, para sempre.

A geração de minha mãe, minha geração, a geração de meus filhos e a próxima geração são as beneficiárias da fé de minha avó e de seu sacrifício. 

Seu exemplo de fé, sua perseverança até o fim e seu amor a Deus nos dão uma GRANDE visão imperdível de Deus. 

Sinto-me honrado por viver sob a sombra de minha avó e almejo conhece-la na eternidade. 

História extraída da revista: Eu Irei Com Minha Família: Unidade Em Comunidade - Willie e Elaine Oliver

Aguarde! No dia dos avós tem mais. 

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Comentários

  1. Somos fisgados pelo pecado !!como se nossa alma quisesse sair de nossos corpo para poder se livrar da carne e mente pecadora,mas sao coisas que parece pequena que sao as que mais lutamos!!Deus é fiel em nós perdoar !!Mas todos os dias nao nos vemos livre,mesmo que muitos dizem nada sofremos ,estes vivem para suas próprias vontades.

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    1. Jesus Cristo é o remédio para todos nós. Que Deus te abençoe ricamente!

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  2. Linda história pastor,pessoas que deram a vida por aquilo que elas acreditavam...uma inspiração!!!

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  3. Bom dia. A fidelidade destes homens e mulheres de fé, inspiram nossos ideais.

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  4. Testemunho que nos leva a reflexão e nos impulsiona a levar a palavra Divina aqueles que a não conhecem.

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