Xô covid, bem-vinda Nova Terra!

 
Por Célio Barcellos
Ah, “se eu fosse eu” e pudesse deletar as palavras: covid, cloroquina, vacinas, negacionismo, mortes e assim por diante…! Eu gostaria que estas coisas cessassem, inclusive desaparecessem do mapa e levassem junto a internet e a televisão. Isto mesmo! Internet e televisão. Vou repetir: internet e televisão. E já que as pessoas demonizam o capitalismo, que desapareçam também os celulares e eletrônicos que roubam o nosso tempo e causam intrigas entre as pessoas. Eu até daria um desconto para que permanecessem o rádio e os jornais impressos. 

Nossa! Preciso falar baixinho, pois se as pessoas ouvirem isso, elas me apedrejarão. Na verdade, preciso me conter. O meu “se eu fosse eu”, não é o “se eu fosse eu” de uma Clarisse Lispector que pouco falava, e quando respondia algo, parceria estar mal-humorada. No entanto, era muito amada por sua sensibilidade na escrita. Ela era simplesmente magistral ao escrever suas crônicas e publicá-las nos Jornais. Os seus textos eram sobremesas das notícias diárias e certamente provocavam risos e estimulavam o imaginário das pessoas. 
Clarisse Lispector
Não sou da época da Clarisse e nem de tantos outros gênios, incluindo o meu conterrâneo Rubem Braga, que fizeram da crônica um passa tempo para as pessoas. Apesar de não ter vivenciado aquela época, vivencio a atual e me recordo plenamente de um período que praticamente não existe mais. Não sei para você, mas para mim que cresci no interior, notícias de tragédias demoravam aparecer, e, quando surgiam era algo muito esquisito. Não faziam parte da normalidade da minha pequena Vila. 
Rubem Braga
Nas minhas recordações infantes, coloco o rádio e o jornal, possuidores de elementos mágicos. Eles me fascinavam! O primeiro, logo cedinho, ainda escuro, era o tagarela da informação. Não me saem da memória, jargões como: “O Globo no ar”. “Sociedade…Salvador…Bahia…” - As rádios Globo e Sociedade da Bahia, eram atrevidas ao viajarem em “ondas curtas” e na velocidade do som chegavam até à pequena Itaúnas, no litoral norte capixaba. Quanta audácia! 

No que se refere ao jornal, destaco o “A Gazeta”. No período em que morei em Pedro Canário (última cidade capixaba, fronteiriça com a Bahia), era comum ver a figura do jornaleiro logo cedo fazendo a notícia chegar às casas das pessoas. Já em Itaúnas, o jornal chegava no ônibus da Viação Mar Aberto. O saudoso Zé Basílio, um ex-combatente gente boa, da cidade de Conceição da Barra recebia os pacotes da sede da Gazeta em Vitória e os despachava entre o município. 

Nessa época eu era muito garoto e não tinha acesso ao jornal, exceto, quando comprávamos os produtos para casa embrulhados no mesmo. À medida em que eu crescia e já na adolescência quando migrei para Conceição da Barra, logo comecei a trabalhar e a comprar o meu próprio jornal. A principio só me interessava a parte de esportes, mas com o tempo passei a gostar dos artigos e demais seções. E quando eu não tinha dinheiro, o pessoal da Banca de Revistas e os aposentados que ficavam assentados no “banco da rodoviária” me permitiam folhear. 
Jornal A Gazeta/ES. Infelizmente, como tantos outros, deixou de ser impresso

Quando eu decidi colocar o pé na estrada para tentar a vida longe de minha terra, o jornal esteve sempre presente por onde passei. E havia um preferido em cada lugar: no Rio Grande do Sul, o "Zero Hora"; em Santa Catarina, o “Diário Catarinense”; em São Paulo, a “Folha", na Bahia, o jornal "A Tarde" e até por ocasião de uma viagem ao exterior, não deixei de me atualizar com o “The New York Times”. De volta ao meu Estado, eu não somente continuava a ler jornais como tive a satisfação em contribuir com alguns textos para o “A Gazeta”, o mesmo do meu universo infantil. Que grata coincidência! 

Ah, “se eu fosse eu”! De fato, eu não queria internet, muito menos TV. Com a maturidade que tenho hoje, eu seria um “rato" de biblioteca e assiduamente ouviria mais o rádio. Falo isso, não porque os veículos de comunicação existentes não prestam. Não! Não é isso. É que a comunicação ficou mais politizada, chata e perigosa. Apesar de muita coisa boa ser produzida, parece que o mal se prolifera com maior intensidade e isso é daninho para todos nós. 

As facilidades dos dias atuais, nos deixaram mais raivosos e até mais preguiçosos para pensar. Sabe! Eu não quero um mundo assim. O mundo não está bom e as notícias me amedrontam ainda mais. Na verdade, “eu não quero ser eu” e nem tão pouco um repetidor de "clichês". Eu quero ter a minha mente transformada para o bem. E isso não vem do homem, mas do Divino (Romanos 12:1-3). O problema é que falar do que é divino atualmente, se tornou ultrapassado, pois a velocidade em que vivemos, nos impede até mesmo de contemplar e conversar com Deus. 
Pode parecer utópico, mas sonho com uma Nova Terra. 
O meu sonho é que esse mundo atual passe logo! Definitivamente ele não é um lugar seguro e muito menos, um lugar justo. Da mesma forma em que homens no passado sonharam e concretizaram o que seria impossível do ponto de vista material, deixa-me continuar sonhando com um mundo espiritual e que para muitos é utópico. Nesse mundo que sonho, nem mesmo o rádio e o jornal que tanto gosto, farão parte dele, pois as notícias chegarão sem pressa e sem viés, uma vez que o próprio Deus se comunicará diretamente com as pessoas. Ah,! E tudo se fará novo (Apocalipse 21).

Viva a eternidade! Viva o Criador! “…O justo viverá pela fé” (Romanos 1:17). Em breve Deus intervirá sobre a Terra. 





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