Ideologias passam, a Palavra permanece...
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Por Célio Barcellos
De acordo com o pensamento evolucionista, a grande sacada do Homo sapiens para neutralizar e destruir os neandertais foi utilizar-se do recurso da "fofoca" para a formação de entidades mitológicas a fim de consolidar-se sobre os demais. Essa é uma visão defendida por Yuval Harari que ao mencionar o surgimento da Revolução Cognitiva há 70 mil anos [sic], relata acerca das lendas modernas ao associar as grandes marcas como produtos da “imaginação coletiva”, conhecida no mundo jurídico como “ficção".[i]
Ao considerar a imaginação coletiva, as religiões naturais nada mais são do que fruto dessa imaginação. Termos como: capitalismo, socialismo, comunismo, nazismo, fascismo etc., estão disfarçados de ideologias por uma questão semântica. No entanto, são religiões baseadas em leis naturais.[ii]
Isso quer dizer, que, quando os fanáticos naturalistas criticam a religião por achar que ela é fundamentada em mitos, o fazem à semelhança de fanáticos religiosos. Uma sincera autoanálise levaria em conta a fé que possuem em sua religião naturalista e reconheceriam semelhanças ou até mesmo ações daninhas nos fundamentos dos seus próprios conceitos ideológicos.
No contexto de mundo atual em que as ideologias intoxicam as pessoas, está cada vez mais difícil dialogar. Com amparo no cientificismo, os detentores sapiens, conseguem, em questão de minutos, neutralizar um oponente, minando a sua reputação com a chamada “fake news”, nome xique para os fofoqueiros de plantão, que agem à semelhança dos antigos sapiens com o intuito de destronar os neandertais ou qualquer outra espécie que cruze o seu caminho.
Isso quer dizer, que a mentalidade do Homo sapiens continua forte na consolidação sobre os demais que ele marca como oponentes. Se um determinado grupo ideológico critica o passado colonialista do Ocidente, por exemplo, na primeira oportunidade que tiver, esse grupo poderá fazer igual ou até mesmo pior. Haja vista a Revolução Russa que no auge da I Guerra Mundial se liberta do czarismo e em seguida torna-se o "perigo vermelho" para o Ocidente ao criar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).[iii]
Imagem soldados em Moscou: pt.wikipedia.org |
Na verdade, o que evolucionistas como Harari entendem como Revolução Cognitiva dos sapiens, a Bíblia chama de natureza pecaminosa. Enquanto para a evolução havia vários tipos de humanos, para as Escrituras, o ser humano é uma espécie única dotada de sabedoria, mas que foi corrompida pelo pecado. Dessa forma, a disputa troglodita continua mesmo após milênios de existência.
Ao formar seus impérios, suas tribos ou guetos para domínio ou sobrevivência, o ser humano no pecado reflete a ideia evolucionista do mais apto, do que alguém criado à imagem e semelhança do Criador, repleta de altruísmo (João 3:16). Se antes, o Homo sapiens criara mitologias, o ser humano atual, nas suas multifacetadas ideologias cria narrativas, para favorecer conceitos transitórios e egoístas.
Em meio a esse emaranhado de ideologias, a velha e poderosa Bíblia continua a ser base segura para aquele que crê, pois as suas páginas oferecem a esperança de um mundo muito melhor (João 5:39; Isaias 65:17-25). Enquanto para os de cosmovisão ideológica render-se ao elemento sobrenatural é sinal de fraqueza, eles não se dão conta de que a fé que possuem é baseada no naturalismo com o aval objetivo da ciência. Para os que defendem a Palavra o render-se é sinal de reconhecimento da glória de Deus.
Cada vez mais, as ideologias tentam minar axiomas divinos em nome de uma subjetividade que impede questionamentos racionais. Torna-se até estranho, pois abominam o sobrenatural, mas, aceitam por conveniência parte do que é lógico, desde que não interfira em sua visão de mundo.
Ao citar Samir Kalil, Samuel Gregg menciona sobre as perguntas: Qual a natureza da realidade? De onde veio tudo isso? O universo precisa de um criador?...tradicionalmente são perguntas filosóficas, mas segundo ele a filosofia morreu, por não acompanhar a ciência e os cientistas passaram a ser os detentores da busca pelo conhecimento.[iv] Isso é muito ruim, pois até mesmo o racional está comprometido, pelo cientificismo da atualidade.
Assim, ao olharmos para o passado e percebermos os erros até mesmo daqueles que criam em Deus, é melhor seguir crendo na Palavra do que nas ideologias. Apesar dos pesares, chegamos até aqui crendo em um Ser maior do que nós. Dar um salto no escuro e crer em religiões naturais disfarçadas de ideologias, não parece algo seguro para aqueles que acreditam na glória de um Deus eterno, pois as ações irracionais dos chamados seres evoluídos, têm provocado muitos medos, nas suas muitas revoluções propostas.
[ii] Ibid., 236.
[iii] VOLPE, Fábio, Amanaque Abril: Ano 41, São Paulo, SP: Editora Abril, 2014, p. 296-298.
[iv] GREGG, Samuel, Reason, Faith, and the Struggle for Western Civilization. Washington,DC: Regnery Publishing, 2019, p.77.
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