Empreendedorismo Quilombola


Jujú Thomas

Por Célio Barcellos  
O município de Conceição da Barra localizado na região norte do estado do Espírito Santo, famoso por suas belas praias e por seu carnaval de rua, está descobrindo o potencial empreendedor de seus moradores. O projeto Quilusan, liderado pela Mestre Jujú Thomaz (moradora no Bairro Santana, localidade que no passado serviu de refúgio para os escravos das fazendas da região), foi premiado pela Lei Aldir Blanc, ligado à Secretaria de Cultura do Estado (SECULT). O nome Quilusan significa: Quilombo Urbano de Santana. 

A iniciativa para tal projeto, teve o seu ponto de partida em 2016, quando o artista e produtor cultural, Armando Mecenas, natural do Rio de Janeiro e radicado há 30 anos no Espírito Santo, teve a sensibilidade de envolver as comunidades quilombolas do município barrense em um projeto chamado Contadores de História. O intuito era ouvir as histórias limitadas à tradição oral e a partir desse ambiente, provocar nas comunidades, o desejo em escrever suas histórias. Além de estruturas literárias para o ensino, Mecenas introduziu o áudio visual. 
Armando Mecenas na Comunidade Angelin 3
Neste interim, surge a Jujú Thomaz, que, durante as oficinas recebe de Mecenas grande incentivo por preservar vasto conhecimento da cultura afro-brasileira. Como uma espécie de mentor, Armando Mecenas conseguiu colocar na mente dos quilombolas que eles poderiam ser protagonistas. “Eu não posso contar histórias do Quilombo, mas vocês podem”, ressalta ele. Com a multiplicação do saber, o projeto Quilusan “é o desdobramento natural com o interesse de fazer cultura, antropologia, religiosidade e artesanato”, destaca Mecenas.  

Ciente da riqueza que possuía e motivada por alguém que nem era da sua terra, mas que acreditou nela; Jujú Thomaz, funda o projeto Quilusan e passa a multiplicar o conhecimento nas comunidades quilombolas da região e nas escolas. Ela passa a ser uma voz empreendedora para a sua gente repleta de riqueza material e imaterial, mas que não sabia como alavancar o negócio para a geração de renda. O interessante é que Jujú Thomaz realiza esse trabalho de forma voluntária e ainda divide o seu tempo em auxiliar idosos e pessoas com algumas necessidades especiais. 
Jujú Thomaz, palestrando sobre plantas medicinas e condimentos naturais

Os seus planos vão além, pois ela tem sonhos audaciosos para a sua gente. Com o dinheiro do prêmio conquistado, Jujú Thomaz adquiriu equipamentos de gravação, fez parceria com a Associação Mulheres de Fibra, em que artesãs locais, através de aulas online capacitaram os remanescentes quilombolas do lugar e também os de outros municípios. Inicialmente, o projeto Quilusan ocorria somente no mês da consciência negra. Porém, após a normalidade das coisas, acontecerá mensalmente nas praças com diversos atrativos da cultura afro. Haverá história audiovisual de uma personalidade quilombola, festejos, comidas típicas e muito mais. 
Jujú Thomas ladeada com as componentes do Mulheres de Fibra

Com a repercussão do seu trabalho, Jujú Thomaz está muito feliz e quer fazer ainda mais. Uma de suas grandes alegrias foi presenciar a mudança na autoestima de mulheres quilombolas. Essa sua fala se refere à Comunidade Quilombola do Angelin 3, em que mães solteiras, dependentes do Bolsa Família e sem condições para criar os filhos, estavam se mutilando com o intuito de tirar a própria vida. Nesta localidade, com 105 famílias residentes, mora a jovem Miriã Fontoura, que ao conhecer Jujú durante o Segundo Encontro de Feirantes, se apresentou como artesã e quis conhecer os trabalhos artesanais da feira, para auxiliar as mulheres deprimidas. 
Reportagem da Gazeta no Angelin 3
Jujú providenciou a realização de um curso e contou com o empenho da Prefeitura para deslocar as professoras da sede do município até à localidade, que fica cerca de 40 km. O curso rendeu frutos e transformou a vida da comunidade. Tamanho foi o empenho, que houve a participação de 28 mulheres no curso e atualmente são 58 pessoas entre homens, mulheres e jovens que formam a Fontoura Fibras, Associação dos Artesãos Quilombola do Angelin 3. Ao ser perguntada sobre a importância do Projeto Quilusan em sua vida, Fontoura responde: “As mulheres que compõem esse projeto e que nos ensinaram são como árvores e nós as sementes que decidimos multiplicar para mais pessoas o que aprendemos”. 
Remanescente quilombola na fabricação de produtos derivados da mandioca

De fato, a multiplicação do que é bom gera benefícios. Quando perguntado sobre a repercussão da matéria, o jornalista Severino de Paula, proprietário do jornal Vale do Itaúnas, menciona que a publicação “fortalece o movimento e dá credibilidade”. Já o Secretário de Cultura do Município, Roberto Malacarne fez questão de destacar o inicio de tudo ao mencionar o trabalho piloto de Armando Mecenas com o Projeto Mulheres de Fibra e que a partir daí surgem projetos como o Quilusan. Malacarne fez questão de destacar o projeto Mapa Turístico, que em breve, em parceria com o SEBRAE terá a finalidade de promover a Rota do Quilombo, incentivando projetos artesanais para a renda das famílias. 

Assim, o que fica dessa linda história é a dedicação de pessoas como Mecenas. O seu sobrenome, a princípio, parece ser artístico em homenagem aos grandes financiadores das artes e da cultura na Idade Média. No entanto, é um sobrenome real e que pertence a um mestiço brasileiro, filho de de índia com negro, que decidiu oportunizar meios para que pessoas como Jujú Thomaz e Miriã Fontoura, empreendam e reinventem formas de sustentabilidade para a sua gente. 



Comentários

  1. EU agradeço a DEUS por tudo q ele tem me proporcinado tem certeza q as pessoas ñ sabem quantas cpisas q ja passei porem, temos um Deus q tudo pode passei por dois cancer hoje estu curada fquei cardipatia crónica assi os médicos me clasifica porém ñ sinto nada hoje alem d fazer alguem feliz eu tenho um sonho d ter uma casa lar p/ idosos sendo tenho um grupo d idosos q ja coordeno todos trbalhos do grupo este tenho o nome Auto Estima eles me ama é eu muito mais faço escurçao com eles p/ as praias capichaba e Bahia eles fic muito Felizes.sou Terapeuta Naturalista trbalho com plantas medicinais REFLEXIOLOGA,MASSATERAPEUTA. Muito obrigada por esta oportunidade dessa Materia GRATIDÃO CELINHO VASCONCELOS E SUA EQUIPE.

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    1. Olá Jujú! Que Deus continue te dando vida e saúde para o suporte nesses projetos. Um grande abraço aos conterrâneos!

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    1. Tranquilo. Os Vasconcelos são gente boa. Mas de fato, sou Barcellos. Sucesso nos projetos!

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  3. Nossa, que projeto lindo Juju. Tenho certeza que o nosso Deus estará sempre abençoando. Parabéns.
    Parabéns Celinho, meu amigo e irmão em Cristo que admiro demais.

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    1. Olá, muito obrigado! Realmente esse projeto da Jujú é sensacional.

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