Cuidado com os compartilhamentos!


Por Célio Barcellos

Em tempos de fake news é oportuno relembrar um fato real que aconteceu próximo a Ayers Rock, Austrália, em 17 de agosto de 1980, quando uma fatalidade gerou enormes prejuízos ao Pr. Michael Chamberlain e a sua esposa Lyndi Chamberlai, por ocasião do desaparecimento da pequena Azaria Chamberlain, de apenas 2 meses,  devorada por um cão selvagem, numa região de acampamento. 
O início das investigações apontou que a própria mãe, havia assassinado o bebê, pois o corpo desapareceu misteriosamente. O mundo ruiu para aquele casal! A imprensa sem dó e sem piedade, contribuiu para que a opinião pública condenasse aquela senhora, antes que o  tribunal o fizesse, acusando-a de prática de magia negra, pois eles utilizaram um caixão ao promoverem um curso como deixar de fumar.
No dia do julgamento, a sentença foi a prisão perpétua. Até que em 1986, após 6 anos presa, um casaco foi encontrado em uma área próxima onde estavam. O caso foi reaberto e em 1988 a Corte Criminal anulou todas as acusações contra os pais da criança, gerando uma indenização pela injustiça, mas com imensos prejuízos emocionais, sociais e profissionais para  a família (para conhecer a história, assista ao filme: “Um Grito no Escuro”, estrelado por Meryl Streep e Sam Neil).
Pois bem, num mundo globalizado em que o acesso digital se tornou bastante popular, cada cidadão porta em suas mãos, um verdadeiro arsenal capaz de matar e destruir a reputação de uma pessoa. Com os aparelhos celulares cada vez mais potentes, os cidadãos, quase que em tempo real, produzem, consomem e compartilham notícias numa velocidade sem limites.
A internet bem utilizada é uma ferramenta indispensável para o conhecimento e até para a  solução de muitas coisas, incluindo no desvendamento de crimes. No entanto, com as diversas redes sociais, a internet torna-se barato para quem utiliza da prática de difamações pessoais e precipitações de julgamentos, uma vez que na ansia do protagonismo, as notícias falsas circulam na velocidade de um potente vírus.
Dois casos recentes que repercutiram na mídia nacional, foram os assassinatos da vereadora Mariele e do motorista Anderson, ambos no Rio de Janeiro e dos dois irmãos Joaquim e Kauã, na cidade de Linhares-ES. Qual deveria ser a postura do cidadão, diante de situações como essas? Deveria se envolver a ponto de fazer juízo da situação e até o de compartilhar informações ou deveria deixar que as autoridades se encarregassem do processo?
O que se tem visto em casos como os citados e de muitos outros espalhados é uma avalanche de precipitações em condenar indivíduos sem a devida conclusão dos ocorridos. Infelizmente, pessoas cristãs que deveriam ser os apaziguadores, tem fomentado intrigas e até mesmo contribuído para injustiças na vida de pessoas. É preciso mais equilíbrio nos comentários e na transmissão das informações. Após as "penas" serem lançadas ao vento, fica impossível recolhê-las.
Imagino que todo cidadão, promotor de liberdade e bem-estar das pessoas, deseja um país mais justo e seguro para se viver. O seu sentimento de justiça não está acompanhado como o de um justiceiro. Pelo contrário, ele trabalha por dias melhores. Não corrobora com a injustiça, mas acompanha e aguarda com atenção o desenrolar dos fatos para a condenação dos verdadeiros envolvidos. 
Se porventura, as redes sociais, tem causado mais prejuízos tanto para você quanto para as pessoas, o melhor é deletar todas e procurar viver a sua vida com mais altruísmo ao  invés do revanchismo. Cuidado com o sentimento de justiça própria! Se o próprio Deus, que é a essência da justiça, tem paciência em julgar, por que o ser humano se precipita tanto? Não seria melhor a prudência ao invés da pressa? 
Portanto, em tempos de "fake news" as palavras do Cristo são mais do que oportunas: “Não julgueis para que não sejais julgados” (Mt 7:1). Afinal, o juízo humano carece de muita investigação, pois a sua tendência é a de especular. Por isso, ao invés de o cristão entrar na onda da especulação, o melhor é se envolver na Missão, para não correr o risco de ser desqualificado e não vir a fazer parte da notícia ruim de Deus. 

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