Evangelismo intencional, uma necessidade permanente


Por Célio Barcellos


Em julho de 2015, por ocasião do Mestrado em teologia no Unasp, juntamente com os pastores Saulo Gonçalves da Associação Mineira Leste e William Pedro Associação Mato-Grossense, visitamos a Nova Semente – projeto amado e ao mesmo tempo odiado por muitos. Essa iniciativa, se deu para conhecer de perto e para melhor responder aos constantes questionamentos por parte de membros que abominam tal iniciativa.

Pois bem, logo de início, percebe-se que alí é um lugar diferente. A recepção é totalmente voltada para a aceitação das pessoas. Não importa, a forma como as mesmas chegam naquele ambiente. Tudo acontece de maneira intencional e dinâmica para que cada pessoa ao adentrar aquele espaço se sinta parte daquele lugar.

Como gosto de fazer amigos, aproveitei para ajudar na recepção e desenvolver um contato com a recepcionista Jane, que prontamente, nos proporcionou conhecer detalhes do funcionamento de toda aquela estrutura. O contato foi tão positivo, que fomos convidados para o almoço. Assim, passamos todo o dia juntos, e conhecendo mais de perto a iniciativa extraordinária do Pr. Kleber Golçalves, idealizador daquele espaço de evangelismo permanente.

No livro Ministério para as cidades, 51, Ellen White, diz ser necessário “estudar a situação em todas as grandes cidades, para que a verdade seja dada a todo o povo.” E ela ainda diz que virão para a verdade “pessoas ricas que se disporão a dar de seus bens para o avanço da obra de Deus.” É preciso investir mais! A igreja de Deus não pode ser mesquinha nos recursos. Também não deve se esconder nas facilidades da critica, mas antes, se envolver ativamente na salvação de almas.

Projetos missionários como a Nova Semente, devem ser cada vez mais incentivados. É claro que não é possível em todo lugar, algo daquela estrutura e magnitude. É preciso muito cuidado para não sair copiando seus métodos, e ruir toda uma estrutura estabelecida. Pegar uma igreja conservadora e fazer dela uma "Nova Semente" é atirar contra sí mesmo. Talvez, muito das queixas são em função de querer transformar algumas igrejas em projetos diferenciados sem respeitar a história das mesmas. O mais prudente nesse caso é ter um núcleo de pessoas comprometido com a mensagem, disposto a um projeto diferenciado, que seja tolerante (sem perder os princípios do evangelho) e atento à realidade de cada lugar.

Quando Deus, percebeu a hora de evangelizar os gentios, Ele não chamou qualquer um. Escolheu o mais habilitado de todos. Alguém das fileiras inimigas, perseguidor dos cristãos, porém, comprometido e forte o suficiente para suportar o que de pior surgisse. Alguém totalmente versátil, inteligente, poliglota e com uma mente aberta para a salvação de almas.

A escolha de Saulo de Tarso, não foi acepção de pessoas por parte do Criador. Da mesma forma, a escolha de homens capazes para projetos inovadores não deve ser invejada, mas incentivada para a edificação da Igreja de Deus. É preciso mais e mais pessoas que se habilitem para uma parcela da sociedade um tanto esquecida – os ricos. Não que a finalidade seja somente esse público, mas que a igreja tenha pessoas capazes de alcançar ricos e pobres.

É necessário fazer mais pelo evangelho! Não basta somente, agradar ao chefe e em desepero total, lançar as redes em busca de toneladas de peixinhos, enquanto o mar proporciona toneladas de badejos, robalos, salmons e tantos outros. Não há nenhum erro em mirar grandes peixes!

Jesus tinha um alvo – todos (At 1:8)! A princípio capacitou doze. Foi o discipulado mais eficaz de todos os tempos, pois desse grupo, surgiram outros que se especializaram para alcançar as diversas linguagens no mundo. Ele fez sem pressa, sem despero, mas com bastante eficiencia nos resultados.

Fazer algo novo para Deus, requer oração, estratégia e muita resistência para suportar os bombardeios que certamente virão. É romper com culturas, vícios e status quo de muita gente. Não foi diferente para a “Nova Semente”, assim como não o foi para todo aquele que sonhou com o impesável na igreja. O que seria da igreja se alguém não tivesse insistido na aquisição da Fazenda onde hoje se econtra um internato? O que seria da igreja se alguém não tivesse comprado a primeira Rádio e dado início ao conglomerado de comunicação que se tem hoje? O que seria...

Para os que somente criticam e não conseguem enxergar a mensagem da salvação na vida de tantas pessoas transformadas, deveriam conhecer de perto pessoas como a Marta, uma senhora adventista, que sai de São Caetano, no ABC e chega às 7 da manhã na “Nova Semente”, nas proximidades da Avenida Paulista e somente retorna para o seu lar, após às 21:00. Uma pessoa como tantas outras que tive o oportunidade de conhecer e aprender com o seu cristianismo e compromisso com a Missão.

Os críticos de plantão, que possivelmente há muito tempo não ministram um estudo bíblico, não realizam uma “Semana do Santa”, não frequentam ou lideram um “Pequeno Grupo”, ou melhor: há muito tempo não levam ninguém ao batismo. Deveriam, experimentar o que os frequentadores da Nova Semente vivem – uma comunidade em relacionamento e em evangelismo permanente, entre ricos e pobres, diga-se de passagem.

É claro que a Nova Semente é imperfeita assim como as nossas igrejas. Até imagino, que se o seu idealizador começasse um projeto semelhante novamente, evitaria muitos erros cometidos. Porém, a despeito dos perdidos daquela grande metrópole que é São Paulo, como visionário se deixou usar por Deus e deu início a um trabalho negligenciado a muito, por falta de fé, preparo, coragem e mesquinhes da parte de muitos.

O que está faltando na igreja é “paixão pelas almas”. Tolerância e amor devem ser embutidos na mente dos filhos de Deus, para maior compreensão nas estratégias em alcançar as diferentes pessoas e linguagens. Temos tudo nas mãos! Colégios, hospitais, editoras, rádios, TV e tantos outros meios para seguimentarmos a mensagem e alcançarmos o coração das milhões de pessoas espalhadas pelo mundo. Porém, o zelo de muitos às vezes destrói conquistas e impede maiores avanços.

Portanto, se os críticos de plantão, cuidar da devoção e pegarem no arado, certamente não desperdiçarão tempo jogando contra o próprio time, mas se posicionarão no seu espaço, cumprindo a sua função e colaborando no desempenho de todos. Afinal, há muito o que fazer! Como bem disse Jesus: “a seara é grande e os trabalhadores são poucos” (Lc 10:2).

Comentários

  1. João Brendo Pereira19 de março de 2017 às 18:55

    Ótimo artigo, e com toda sinceridade e respeito, nós enfrentamos muitos problemas com a área do evangelismo, pois, como foi dito, falta de fato amor pelas almas. Normalmente, quando se fala em evangelizar, as pessoas preferem aqueles de boa aparência que são vistos com bons olhos pela sociedade, e nos esquecemos daqueles que são marginalizados por quase todos; como moradores de rua, drogados, ladrões, etc... E no olhar das aparências nós não vemos a necessidade espiritual, a carência de amor, e até o potencial de cada indivíduo. Se fôssemos realizar uma pesquisa de opinião pública, em algum local com um terreno baldio, e perguntarmos o que as pessoas gostariam de ter nesse terreno, nós teríamos como resposta, talvez, escolas, creches, hospitais, quadras de esportes, de tudo, menos igreja. Como cristãos de fato não cumprimos nossa missão, e arrisco até a dizer que em muitos casos não fazemos diferença.

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