Zumbis pela cidade, reais e camuflados.



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Por Célio Barcellos

Eles estão por toda parte! Nas esquinas, nas praças, nos becos, nos logradouros, em cidades grandes ou pequenas, na capital ou no interior. Sim, eles existem! E a qualquer momento podem te fazer vítima do mundo obscuro em que se meteram. Estou falando dos zumbis. Sim, eles existem!

Como gafanhotos, eles se multiplicam aos milhares. Assim como no campo, no cotidiano da vida, há a constante necessidade de prevenção. É preciso atenção redobrada com uma “praga social” chamada vício, que aprisiona pessoas de diferentes gerações a ponto de alterar a personalidade e trancafiá-las em um mundo sombrio, tenebroso e imundo.

Na ficção, a solução para se ver livre dos zumbis e suas zumbilândias, mesmo com pesar, é dar fim à vida deles, ainda que sejam pessoas íntimas e familiares que se tornaram inimigos monstruosos.

Na vida real, muitos zumbis já se tornaram monstros. A qualquer momento podem nos morder e causar um tremendo dano pessoal. Nos sentimos indefesos diante de quadros assustadores. Eles não dormem e nem se alimentam adequadamente. Eles passam a noite em claro e, ao raiar do dia, saem alucinados e sem rumo em meio à rua. No trânsito, competem com veículos e condutores assustados.

O que fazer em meio a essa zumbilândia real? Será preciso sair à caça para a sobrevivência? Qual é a solução para tudo isso?

Recentemente, recebi do amigo Elcio Ávila Junior, mineiro de Belo Horizonte, a seguinte percepção: “Estou convicto de que cadáveres ambulantes andam aos montes por aí, verdadeiros zumbis, condenados ao naufrágio de suas emoções, escravos de seus desejos, e que são incapazes de sentir o peso de seus pecados.”

Após refletir nas palavras do Élcio Junior, percebi que os zumbis são frutos de uma sociedade desigual. Não que os zumbis sejam inocentes, não! Eles também têm culpa. Porém, há outros tipos de zumbis camuflados em meio aos seus pecados. Os mesmos que fogem dos zumbis revelados, no fundo, tentam fugir da zumbilância que há dentro de si. É possível que exista muitos viciados em diferentes substâncias e comportamentos.

Se na ficção a solução é matar os dominados, na vida real a proposta é resgatar escravizados para se tornarem livres. E isso não é uma tarefa fácil. É preciso coragem e paciência bem como a atitude do afetado para sair de uma prisão que o leva a cada dia para o abismo e escuridão.

Em seu livro Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, Luiz Felipe Pondé fala sobre a nova “hipocrisia social”. De acordo com ele, essa nomenclatura, também chamada de hipocrisia dos “bem resolvidos”, é conhecida como o “politicamente correto”. Para Pondé, o “hipócrita social pensa que não esconde nenhum monstro dentro de si”. O problema que ao “fazer isso, ele nega ao homem a possibilidade de entrar em contato com seus próprios "demônios" e, assim o torna enganador de si mesmo.”

É até possível descobrir o porque de tanta resistência em aceitar o pecado como algo real. No fundo, as reivindicações por liberdade e a liberação de substâncias e coisas proibidas são, na realidade, formas de se aceitar os erros sem interferir na reputação de ninguém. Sendo assim, todos têm um pouco de hipocrisia. O grande divã em questão é que o zumbi escravisado não pode ser comparado com o escravo camuflado.

Pensando bem, entre o “hipócrita social” e o “hipócrita cristão”, prefiro o “cristão”,  disse Pondé. Na somatória de tudo, o hipócrita cristão ainda pode reconhecer seus "demônios" e pecados, enquanto o hipócrita social fará de tudo para manter a máscara, porém, à vista de todos.

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