Se você ficar triste...




                           

Por Célio Barcellos

Na atualidade, todo mundo quer ser feliz. Há um desespero em busca da felicidade. Seja na vida acadêmica, no mundo dos negócios, nos relacionamentos afetivos, e até mesmo na vida religiosa, praticamente todos querem o sucesso para obter a felicidade. Nessa busca desenfreada, parece não haver espaço para o fracasso. Criou-se uma espécie de neurose perfeccionista da felicidade.

Os gurus da autoajuda perceberam no desespero das pessoas um nicho muito grande no mercado editorial. Transferiram para o papel, um senso de superação quase utópico na vida das mesmas. A escritora e poetisa Adélia Prado falou, em 24 de maio de 2014, durante uma entrevista para o programa Roda Viva, da TV Cultura, que “os livros de autoajuda maquiam necessidades que o indivíduo precisa encarar de uma forma mais real”.

Se no mundo editorial existem pessoas que discordam da forma como é explorada a infelicidade, na vida religiosa não deveria ser diferente. No entanto, mesmo na vida religiosa, existem aqueles que utilizam meios que vão além do proposto. Colocam uma pesada carga de insatisfação nas pessoas, levando-as a fazer loucuras para encontrar a felicidade. Felicidade essa baseada em bens materiais não duráveis e totalmente perecíveis. E agora, o que fazer em meio a tudo isso? Para o escritor, psicólogo e cientista social Hugh Mackay, “a vida consiste em aceitar os tempos difíceis.” Ele diz mais: “Parece que ficamos com medo da tristeza. Tem havido tanta ênfase na felicidade, no pensamento positivo e na autoestima invencíveis, que corremos o risco de esquecer que aprender a lidar com as situações difíceis é importante para ser uma pessoa completa.”

Em seu famoso sermão do monte, no evangelho de Mateus (capitulo 5), Jesus proferiu as bem aventuranças, e numa delas disse o seguinte: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.” Os que choram... Os que sofrem... Os que estão tristes... Será que alguém pode consolá-los? A expressão “serão consolados” está na forma passiva e sugere que Deus realizará essa ação.

Dificilmente alguém chora sem tristeza. As pessoas têm muitas razões para estar tristes: insegurança, opressão, solidão, discriminação, angustia, morte etc. É possível que você tenha chorado por algum item dessa lista. Talvez Jesus não estivesse falando basicamente desse tipo de choro, mas de um um pranto espiritual, que do ponto de vista humanista pode ser encarado como um pranto existencial.

Seja qual for o seu choro em busca de respostas que amenizem o sofrimento na busca por felicidade, é preciso que encare as tristezas dessa vida. Em seu livro O Profeta, o escritor libanês Khalil Gibran, diz que “Tristeza e alegria são inseparáveis...enquanto uma está sozinha convosco na mesa, a outra está dormindo na vossa cama.”

Assim sendo, nenhum livro de autoajuda, conceito filosófico ou líder religioso resolverá pranto, angustia e tristeza. Poderão, sim, direcioná-lo para o bem ou para o mau. Nesse ínterim, o melhor a fazer é seguir as palavras de Jesus, o qual, nunca escondeu que as aflições e fracassos fariam parte da vida.

Lembre-se que o choro citado por Jesus abre um novo caminho - o caminho para a plena liberdade do Espírito em Cristo. Se você tiver essa liberdade, ainda que experimente fracassos e profundas tristezas, terá a plenitude da felicidade, uma vez que já começou a experimentar a alegria do reino em sua vida.

Comentários

  1. Eu mesmo fiz muito cursos de superação,otimismo e gastei oque nao tinha para poder ter tudo sobre controle,ate que vi a minha casa e lar indo para o fundo do poço e ai onde buscar esta ajuda só em Deus.

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    1. Certamente na vida temos muitos aflições e Deus é sempre o nosso conforto.

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