A Gramática da Realidade: Lições do Chanceler Alemão sobre o Brasil na COP30

 

Por Célio Barcellos

A fala do chanceler alemão Friedrich Merz acerca das mazelas que viu em Belém durante a COP30 repercutiu pelo mundo e deixou o Brasil numa situação constrangedora. 

Diante da imensa riqueza gerada pelo país, de fato, o atraso, a miséria, a violência e tantas outras coisas são situações bem reais para quem sabe utilizar o intelecto. 

Claro que o Brasil tem muita coisa boa, mas está aquém do ele pode oferecer para o seu povo e para o mundo. 

Entretanto, o que o chanceler enxergou é que o retrato pintado pelos políticos brasileiros não representa a realidade vivida pela população. 

Infelizmente, o sequestro intencional que, ao longo dos anos, vem tirando a capacidade lógica das pessoas tende a fazer com que a população se conforme com a miséria e o atraso, enquanto políticos e autoridades deslumbrados com o poder nadam de braçadas nas benesses de um estado gastador com uma elite improdutiva. 

Imagem: Jornal Opção

Por mais chata que seja, a gramática é o ponto inicial para compreendermos melhor o mundo de uma forma mais crítica. 

De acordo com Miriam Joseph em “O Trivium” [p.72], a “Gramática dá expressão a todos os estados da mente ou da alma - cognitivo, volitivo e emocional - em frases que são afirmações, perguntas, desejos, preces, ordens e exclamações.”

Além disso, o diferencial do chanceler alemão é que ele meditou na gramática ao invés de focar só no retrato. 

De acordo com Mário Carbonera, “meditação é uma cogitação”. E, segundo Carbonera, cogitação “é como um fervilhar, uma agitação dos pensamentos” para nos chamar a atenção. 

Assim, o que fica claro nas palavras do chanceler é que ele soube muito bem fazer a separação entre definição e descrição ao comparar a realidade do seu país com o Brasil. 

Nessa cutucada, ele chama a atenção do mundo para enxergar a realidade brasileira - um país em que os seus representantes vivem de retratos, de aparências, de imagens foscas da realidade, de luxo e de gastanças... - enquanto o povo na miséria, sustenta tudo isso. 

Imagem: Portal Águia

Tentaram definir para ele através de um retrato de marketing, que o Brasil é a capital ecológica do planeta e que tudo funciona maravilhosamente bem. 

No entanto, quando Merz compara com a descrição, ele compreende que não é a realidade. 

Do ponto de vista topográfico apresentado para ele como um céu, Merz viu em Belém uma realidade cruel e infernal que não quer para o seu povo. 

Durante a sua estadia em Belém, ele chega a fazer a seguinte pergunta para os jornalistas alemães presentes na COP30: "Quem de vocês gostaria de ficar aqui?" O silêncio foi total. 

Quem defende a Amazônia sob o olhar do retrato do marketing não faz ideia do que os povos da Amazônia passam. 

Sob a perspectiva da linguagem, de acordo com Joseph, as palavras “que não representam realidade alguma não são símbolos; são apenas palavras vazias de sentido” [O Trivium, p. 46]. 

Certamente, se os políticos brasileiros pensassem nas pessoas e no país ao invés de ideologias que atrasam o intelecto e empobrecem as pessoas, a COP30 seria uma grande vitrine para mostrar Belém como símbolo de um Brasil organizado, justo, livre, próspero, tecnológico e inovador para o mundo.

Em outras palavras, o que o chanceler nos mostra com sua crítica ao Brasil é que as palavras dos organizadores da COP30, jogadas ao vento e sem nenhum sentido da realidade, não representam nenhuma honra ao que propuseram. 

Imagem: O Dia

Pelo contrário, a semântica malandra nos discursos vazios desonra não só a gramática, mas humilha ainda mais a vida dos brasileiros que têm em sua alma o simbolismo de povo honesto e trabalhador. 

Portanto, procuremos nos despertar para o estudo da gramática a fim de que possamos produzir conceitos através do intelecto para não sermos ludibriados facilmente. 

Se trabalharmos bem a percepção e o fantasma (imagem), certamente os nossos sentidos estarão mais aguçados e definirão melhor os conceitos. 

Dessa forma, como brasileiros, definitivamente não aceitaremos o cabresto das esmolas conceituado no retrato de políticas públicas, mas que na realidade não se efetiva, pois pelo menos nos últimos 25 anos o discurso é o mesmo de sempre: 

“aumentemos impostos porque é bom. O povo aguenta. Um estado forte é melhor para acabar com a pobreza”. 

Imagem: Diário do Poder

E, tome Bolsa Família, tijolos, botijão de gás, absorvente solidário e tantos outros penduricalhos da pobreza que faz com as pessoas acreditem que de fato saíram da miséria. 

Portanto, não seria melhor fazermos a análise sintática da frase acima entre aspas e utilizarmos os conceitos de definição e descrição que o chanceler alemão fez, para sabermos se o retrato do Brasil é o lugar onde realmente vivem os brasileiros? 

Ah! Ao invés de nos zangarmos com o chanceler, façamos, portanto, uma avaliação mais real de nós mesmos, pois enquanto os políticos nos convencem a entregar a nossa liberdade e nossas posses para o estado a fim da promoção da igualdade, eles não tiram um centavo do bolso para tal iniciativa, e ainda zombam da nossa cara ao dormir em navios luxuosos, ao invés de dormirem nas redes dos barcos que movimentam o Brasil real. 

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