Independência ainda que tardia




Por Célio Barcellos


Cento e noventa e cinco anos após o grito, os gritos ainda ecoam.
Não de soldados e comitiva eufóricos numa tropa por liberdade,
Mas de homens e mulheres, reféns de uma ímpia impunidade.
Oh, independência! Venha de verdade para o nosso Brasil!

Até quando? bêbados, loucos e desvairados sairão escancarados
Debochando de tudo e todos, após um culposo assassinato?
Até quando? maníacos não castrados, ejacularão no rosto
De um povo refém de código ultrapassado?

Oh, Brasil! Faça valer o seu grito às margens do Ipiranga.
Um arroio barrento, chamado “rio vermelho”.
Nem se compara com os riachos de sangue 
Que diariamente transbordam da violência insana.

Oh, Brasil! Como gritar bem alto se somos sufocados?
Somos pisoteados na garganta, impedidos de clamar.
Pra quem gritar? Com quem gritar, imenso Brasil?
Será que és Colônia, como sugere alguns?

Deitar "eternamente em berço esplendido” é real!
Porém, somente aos nobres e de sangue azul.
Os marqueses, condes e barões… esses sim:
Fulguram intocáveis com os seus milhões!

Não é lenda urbana e nem conto de fadas.
É muita grana mesmo!
No bairro da Graça, área nobre de Salvador,
O que se viu na terça, foi um tremendo horror.

Oh, Brasil! Independência e norte.
Se não abrires teus olhos,
O que restará para o seu povo,
Será tão somente a miséria e a morte.


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