Um “tour” que valeu a pena


 
Por Célio Barcellos
 
Em pleno verão, durante essas férias, resolvi visitar uma localidade que percorria o meu imaginário infantil. O local chama-se “Córrego Parentes” ou como outrora conhecido, “Comercinho dos Parentes”. “Cresci ouvindo tanto o meu vovô (João Pequeno) quanto minha vovó (Wladimira) contarem muitas histórias de pessoas desse lugar, bem como da “Estiva”, Córrego Grande” e o vasto sertão de Itaúnas”.

Itaúnas para quem não conhece, é uma bucólica Vila no litoral norte capixaba, pertencente ao Município de Conceição da Barra. É um lugar encantador! Possui a exuberância do rio, dunas e mar. Nesse lindo lugar, vivem cerca de 1.500 moradores. As dunas que lá existem, cobrem a antiga Vila, soterrada há 50 anos. Vivi na atual Vila, ouvindo histórias encantadoras.

Como não me lembrar de nomes como: Manoel Velho, Ambrosina, Altino, Eduardo, Luiz Italiano, Chico Piangó, Duca Tora, Antônio Colodiano e tantos outros... Alguns eu tive a oportunidade de conhecer. Nesse “tour”, conheci o Manoel Viana, remanescente daquela geração. Aos 82 anos, com uma “sonda” pendurada na cintura, ainda trabalha na roça.

As pessoas que ainda vivem nesse local e em tantas outras comunidades pertencentes ao Município de Conceição da Barra-ES sofrem com o descaso governamental. Estão isoladas! Parecem que não pertencem ao Município. Sofrem com a falta d’água e tantos outros benefícios que poderiam melhorar a condição delas no campo. Certamente, em outras partes do Brasil, existem situações semelhantes.

Quero dizer que, apesar das dificuldades, foi muito bom ter ido atrás de gente simples que sempre ouvi falar. Fiz questão de levar a minha esposa e os nossos filhos, para verem a dificuldade do homem do campo.

Para concluir o “tour”, o Sr. Manoel Viana, me informou do paradeiro de um tio que eu não o via há 20 anos. Segui as suas coordenadas e finalmente encontrei o único tio avô que ainda tenho vivo, o Sr. Floriano Martins Conceição, irmão de minha falecida vó.

Nessa busca e reencontros, acabei conhecendo netos e bisnetos do meu tio. Foi algo tão especial que deu para perceber um pouco da miscigenação que há em minha família, pois na mistura de negros, brancos, caboclos, saiu muita gente bonita.

 Alguns reclamam de mim por eu procurar parentes e amigos. Confesso que reduzi de ir na casa de alguns, pois percebi que não havia reciprocidade nem ao menos em solicitar o contato telefônico para um bate-papo e saber se estou vivo. Mas ainda assim, não deixo de visita-los mesmo que demore um pouco mais.

Aprendi a fazer isso com os meus avós e parar é um tanto complicado. Não o faço por interesse nenhum a não ser o de estar próximo de um conhecido. Até tenho procurado fazer mais por quem não pode me dar nada em troca, pois fazer somente por quem pode é bajulação e falsidade.
         Após essa visita, confirmou-se o porque de "Comercinho dos Parentes":
         A neta do tio Floriano   foi casada com o filho do Manoel Neves.
         Uma espécie de "fusão" familiar.
         Ah, um detalhe muito importante: nunca saio sem antes deixar uma mensagem de esperança.
         Se você ama a vida, procure amar as pessoas.
         Pois é... Experimente um turismo para encontrar suas origens.
         Que Deus proteja e abençoe cada cidadão dos interiores desse País.

Comentários

  1. Procuro gostar de todos, especialmente os simples, despretensiosos e que não esquecem as suas raízes. Continue assim meu amigo e serás grandemente abençoado!
    José Nilson
    Montanha

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