Romancino e Nezinha




Por Célio Barcellos
 
Quando cedo eu acordava e no batente da porta me assentava, para as flores ao lado olhava para um dia cheio de coisas boas que na Vila me esperava. As flores eram amarelas, preciosas e muito belas. Os seus donos eram idosos - Romancino e Nenzinha, um casal muito saudoso.
 
Seu Romancino fabricava esteiras, num tempo em que muitos não tinham colchão, e as fazia com maestria, debaixo de seu galpão. Um galpão que mais parecia um aposento, feito de pau-a-pique ou de estuque, como chamávamos então. Me lembro muito bem quando em direção ao rio ele andava, lá...sua canoa encontrava e dali partia para a sua empreitada. Num tempo em que muitas canoas havia, atracadas num mastro, onde ninguém bulia. Para o brejo Romancino partia juntamente com sua canoa a colher preciosas taboas. Selecionava as melhores, pois de suas mãos sairiam esteiras que se tornariam verdadeiros colchões.
 
Há um ditado que diz que para descer “todo santo ajuda”, mas para subir... Roamancino entendia que era preciso remar bastante - a canoa cheia de taboas. Cheguei a ir com ele algumas vezes a taboa colher, hoje percebo que poderia ter ido mais vezes e aprendido um ofício tão belo, uma arte que não se vê mais em função da modernidade, onde o conforto tomou conta da vida de simplicidade.
 
Que saudades de Romancino e Nenzinha!! Meus idosos e queridos vizinhos,


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