Amor x Iniquidade



Por Célio Barcellos

“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanha, mas se você parar pra pensar na verdade não há”. Esse é o refrão da música “Pais e Filhos” do Legião Urbana, composta por Dado Villa-Lobos e Renato Russo. Quão bom seria se, de fato, amassemos as pessoas de uma forma fraterna, altruísta e vivêssemos como cidadãos civilizados.

Soa estranho em pleno século XXI, as pessoas serem tão violentas, selvagens e bárbaras. Faltam adjetivos para tamanhas crueldades. É até difícil de acreditar no que se noticia, porém a dura realidade mostra  brutalidade incompreensível!

O que dizer de fanáticos que arrancam sanitários e lançam sobre outros como aconteceu em uma partida de futebol em Recife? O que pensar de uma “turba” furiosa que espanca uma dona de casa inocente e indefesa até a morte, como o ocorrido em Guarujá, SP? O que podemos refletir de um comandante, no Norte do país que deixa à própria sorte um naufrago, à deriva, totalmente enfraquecido?E exemplos não faltam. O que dizer de tantas outras atrocidades cometidas atualmente?

Não! Esse não é o homem, um ser pensante, capaz de coisas extraordinárias! Chega-se a ter a impressão de que "o amor esfriou". Jesus citou isso no evangelho de São Mateus 24:12, ao mencionar que esse estado de espírito dá-se em função do “aumento da iniquidade”. Iniquidade essa que se espalha como um câncer nos âmbitos políticos, sociais e religiosos.

Amor e iniquidade são antagônicos. Etimologicamente nem se fala! O verbo amar citado por Jesus nesse texto, em sua declinação no original grego, aparece como o substantivo  ágape, que significa o altruísmo, gerado por amor e devoção, algo perdido por muitos.

Por outro lado, iniquidade, vem de anomia. Significa ilegalidade, transgressão, maldade em um estado mental. No que depender de muitos, essa anomia, perdurará por muito tempo. Em seu estado mental, o iníquo não evita que o desejo se transforme em perversidade.

É claro que a palavra “amor” em grego vai muito mais além do que a expressada em português. Usamos a palavra de uma forma generalizada enquanto eles classificavam uma palavra para cada tipo.

Deixando a etimologia de lado e voltando para a realidade, Villa-Lobos e Russo foram sensatos ao escreverem aquele refrão, pois o amanha não nos pertence. O presente, o agora, a intenção o desejo, sim.
Como seres pensantes, ainda que não se classifique o amor em seus diversos significados, devemos fazer o básico e sermos práticos. Realizar o altruísmo proposto pelo verdadeiro amor exige pensar mais no próximo e não somente em si.

Desta forma, o que o amor exige é a sua conjugação no presente, já que todo verbo expressa uma ação. Fazer isso é viver melhor “o agora” e enxergar um amanha totalmente “esperançoso”, pois o verbo amar não se conjuga no futuro e sim no presente.

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