Santa Catarina não é terra de nazista, mas de gente extraordinária

 


Por Célio Barcellos

- Eu me recuso a aceitar a ofensa de nazista a um povo tão extraordinário! 

Em função das notícias negativas desencadeadas por uma fake news do jornal Folha de São Paulo, quando a jornalista Giovana Madalosso de passagem pela cidade de Urubici-SC, utiliza erros primários de apuração para a produção de matéria jornalístisca em que agride de facista a família Heil, só por ver o sobrenome da mesma no telhado. Algo inaceitável até mesmo para um Foca que deseja lugar ao sol na profissão de jornalismo.

Mediante tamanho absurdo de uma imprensa rancorosa, preconceituosa, parcial, ideológica e incompetente, decidi, como forma de agradecimento a este povo bonito, trabalhador, cortês e abençoado escrever um pouco do acolhimento que recebi em Santa Catarina. Infelizmente, o que se vê atualmente na execução do poder e do noticiário é um Brasil adepto ao comunismo com táticas e afeições pelos piores regimes ditatoriais à procura de criminalizar pessoas de bem por causa de um nazifascismo imaginário. 

Era dezembro de 1999 quando juntamente com a minha esposa Salomé, mudamos do Rio Grande do Sul para Santa Catarina. À época, desembarcamos na cidade de Lages para darmos continuidade à venda de literaturas a fim de angariarmos recursos e retornarmos para a faculdade. Desde o primeiro momento em que pisamos tanto no Rio Grande do Sul, quanto em Santa Catarina, o tratamento daquele povo, foi sem igual.

Somos naturais do Estado do Espírito Santo, precisamente do município de Conceição da Barra, quase divisa com o Sul da Bahia. Ao chegarmos naquele abençoado Estado de Santa Catarina para desenvolvermos o projeto denominado Colportagem Estudantil, em que alunos de diversos lugares do país e de instituições educacionais saem de porta em porta ou em empresas para oferecer livros de saúde e bem-estar.

Nos dois anos de trabalho em Santa Catarina tivemos a oportunidade de conhecer pessoas e diversas localidades, tais como: Araranguá, Brusque, Blumenau, Curupá, Lages, a Grande Florianópolis, Bombas, Bombinhas, Tubarão, Ilhota, Itajaí, Jaraguá do Sul, Joinville, Caçador, Gaspar Alto, Criciúma, Siderópolis e me lembro com carinho das localidades de Belchior Alto, Belchior do Meio e Belchior Baixo. Pense num povo abençoado por onde passei!

Na ocasião em que trabalhei na Grande Florianópolis me lembro de um radialista que me ofereceu emprego na rádio por perceber minha desenvoltura ao lhe apresentar a literatura. E ele ficou ainda mais animado quando eu disse que era do Espírito Santo e isso abriu o contato, pois ele era fã do rei Roberto Carlos. Foi uma proposta tentadora, pois eu sempre gostei do jornalismo. 

Não posso me esquecer do casal Antônio e Laurita em Jaraguá do Sul. Num domingo, fomos em grupo no baú de um caminhão para a sua localidade aonde precisava subir uma serra e à época estava um tanto frio. Ao chegarmos no topo, a cena que não me sai da memória é aquele senhor em lágrimas de emoção por receber um grupo de estudantes em sua residência para o almoço. Ele chorava de soluçar. Aquela cena me causou profunda comoção. 
Equipe Órion

- Eu me recuso a aceitar a ofensa de nazista a um povo tão extraordinário! 

Numa outra ocasião, em uma manhã de domingo, entre Criciúma e Siderópolis fui abençoado nas vendas e na recepção que tive. Não me esqueço de Mana Salvaro. Prefiro não dar detalhes da condição social dela, mas era de família muito rica. Ela me atendeu com uma simplicidade e educação que fiquei até constrangido. Ela comprou a coleção e em determinado momento, fiz uma pergunta: Mana, por que você mesma cuida de sua casa? Na ocasião, ela parou a faxina para me atender. Eis que ela me responde: “Sou como qualquer outra pessoa.” Nunca me esqueci disso.

Uma outra catarinense que gostaria de mencionar é Márcia Dagostin. Não me recordo se em Ilhota ou em Tubarão. O fato é que ao chegar na localidade fazia muito frio. Nessa época, eu saia às 6 da manhã e só retornava após as 22:00. Era muito frio pela manhã e ao final da tarde. Às vezes paro para pensar no maravilhoso poder de Deus e em Seu cuidado com os colportores. O trabalho realizado é uma obra de milagre. 

Pois bem, a Márcia Dagostin me atendeu de forma atenciosa e pude ver com os meus próprios olhos e em seus relatos, a sua bravura para cuidar da família. Ela acordava as 4 da madrugada para cuidar da lavoura e mantinha disposição diária capaz de envergonhar um monte de marmanjo atualmente e ideólogos de redação que não fazem ideia do quanto essas pessoas trabalham para colocar sobre a mesa do brasileiro, o alimento diário. 

- Eu me recuso a aceitar a ofensa de nazista a um povo tão extraordinário!
Equipe  Maranata Contínua

Lá se vão 22 anos desde que saímos de Santa Catarina. Muitas coisas não me recordo mais e até perdi da memória as faces de pessoas maravilhosas. Mas lembro-me de Dona Assunta. Uma fervorosa católica que me atendeu um tanto desconfiada em seu condomínio, e não era para menos. Foi na Grande Florianópolis, precisamente no bairro Kobrasol em São José. Após o contato, ela me permitiu entrar em sua residência. Daquele contato e venda, ficou a amizade. Retornei outras vezes na casa dela, inclusive com a minha esposa para ótimas conversas. Parece que estou vendo aquela senhora de olhar sério e que não piscava. Ela me ensinou uma receita para dor no pé que utilizo até hoje quando preciso. 

- Eu me recuso a aceitar a ofensa de nazista a um povo tão extraordinário!

Concomitante a esses relatos, tantas outras boas situações ocorreram. Consegui vender para o Manoel Tobias, à época o melhor jogador de futsal do mundo. Daquele contato, tive acesso ao vestiário da equipe do Jaraguá do Sul, patrocinada pela Malwee; também conheci o Gino, irmão do Valdo, ex-atleta da Seleção Brasileira e de grandes clubes do Brasil e exterior. Ele me deu uma foto do irmão que guardo com muito carinho. 
Com Manoel Tobias

Para finalizar este texto, certa feita, se me recordo bem, em Jaguaraguá do Sul, entrei numa empresa para apresentar o meu produto e fui tão bem recebido pelo Sr. Bogo, proprietário da empresa que me deu a oportunidade de palestrar para todos os funcionários. Assim que entrei naquele estabelecimento, havia a seguinte frase: “No mundo há muitas leis. Porém, a mais importante é a seguinte: use as coisas e ame as pessoas”. Nunca me esqueci dessa frase e da forma generosa como o Sr. Bogo me tratou.

- Eu me recuso a aceitar a ofensa de nazista a um povo tão extraordinário!
Valdo quando atleta do Benfica de Portugal - doação do seu irmão Gino

Ainda tem o ocorrido comigo e com o amigo Cristiano Santos. Saímos bem cedo de Blumenau em direção a Bombinhas. Para encurtar a história, fomos chegar às 21:00. Os contatos que tínhamos se recusaram a nos receber. Famintos desde as 6 da manhã, batemos no portão de um Sr adventista na cidade. Era o Sr. Braulio. Um pescador que nos recebeu àquela hora da noite com um sorriso que jamais me esquecerei. Nos convidou para entrar, preparou um moqueca, nos ofereceu banho, passamos horas conversando e dormimos por uma semana em sua residência. 

- Eu me recuso a aceitar a ofensa de nazista a um povo tão extraordinário!

Portanto, se tão somente a jornalista da Folha de São Paulo seguisse essa simples lei, a de que “o mais importante é usar as coisas e não as pessoas”, certamente, ela teria seguido o rito básico de uma pauta jornalística e jamais afirmaria tal absurdo. É algo estarrecedor! Especialmente numa época em que a censura avança criminalizando de fake news um espectro do jornalismo e deixando livre veículos como Folha e outros a dizerem o que bem entender. Esse tipo de matéria da Folha é um desserviço humanitário.
Família Heil

Que a família Heil de Uribici, supere essa calúnia e continue a fazer o seu trabalho. Que o Estado de Santa Catarina continue a mostrar para o Brasil que através de muito trabalho se constrói um lugar maravilhoso. Muito obrigado povo catarinense pelas bênçãos que me auxiliaram a chegar onde estou! Muito obrigado pelas bênção em auxiliar muitos outros estudantes de minha época que atualmente são médicos, enfermeiros, dentistas, professores, pastores, engenheiros e tantas outras profissões. Que Deus abençoe a todos vocês! 


Célio Barcellos é pastor, escritor e jornalista em formação. 

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Comentários

  1. C. Barcellos, impresionante depoimento sensível sobre este povo Catarinense que comprovadamente ama e acolhe até um desconhecido que trabalha em busca da realização seus sonhos. Obrigado, por trazer luz sobre este povo. Não tenho como pensar diferente neles, a não ser como gente que ama e respeita o ser humano.

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